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Mexicana Cemex, ligada a assentamentos ilegais, tem perdas de US$1,5 bi

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A produtora mexicana de cimento Cemex anunciou nesta quarta-feira, 28, perda líquida de 1,535 bilhão de dólares no terceiro trimestre, contra lucro de 187 milhões de dólares no mesmo período do ano anterior. A empresa afirmou que o prejuízo foi devido à desvalorização do patrimônio da marca, com bens ociosos e à despesas financeiras mais elevadas. Em relação ao segundo trimestre deste ano, houve um aumento de 17% nas vendas, o período havia tido prejuízo de U$ 44 milhões, causados pelos bloqueios e limitações relacionados à pandemia de covid-19. Depois do anúncio, as ações da Cemex caíram 1,51% na bolsa de valores, fechando a US$ 3,98.

A Cemex é uma das maiores multinacionais do México, líder na produção de materiais de construção, está em mais de 100 países. Entre eles estão Israel, Emirados Árabes e Egito, região que teve aumento de 3% das vendas em relação ao ano anterior, segundo o relatório. Em Israel a empresa segue em crescimento, batendo recorde de EBITDA (taxa de lucro antes de juros, depreciação e amortização) pelo segundo trimestre seguido. A multinacional mexicana é dona da subsidiária israelense Readymix Industries que opera nos Territórios Palestinos Ocupados, onde fornece cimento para a construção de assentamentos ilegais, postos de controle (checkpoints) e o muro ilegal que divide a Palestina.

Por ser considerada cúmplice do regime de ocupação israelense, a Cemex tem sido alvo de campanhas do movimento palestino de boicote, desinvestimento e sanções (BDS). Lançada em 2017 com uma carta assinada por centenas de organizações sociais e personalidades, a chamada internacional #StopCemex foi a primeira campanha BDS originada na América Latina e solicita que a empresa termine suas operações na Palestina.

A Cemex afirma ter estratégia social de alto impacto, ser comprometida com os direitos humanos, cumprir com seus compromissos sociais e operar com responsabilidade também nos territórios ocupados. Declaram que as três fábricas que possuem em Mishor Adumim, Mevoh Horon e Atarot estão em zonas industriais com as autorizações e licenças exigidas pelas leis locais, definidas pelo acordo de Oslo em 1993. Além disso, em 2015, após sofrer com o desinvestimento do maior fundo de pensão da Noruega, a Cemex vendeu sua parte na pedreira Yatir que extrai recursos naturais da Cisjordânia. Eles possuíram por dez anos 50% da pedreira, mas alegam que nunca estiveram envolvidos com o seu gerenciamento.

Em resposta às propagandas valorizando a responsabilidade social da Cemex, a campanha do BDS declara que não há responsabilidade corporativa se ainda lucram com violações do direito internacional e dos direitos humanos que Israel comete contra o povo palestino.

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