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Ministro da Tolerância dos Emirados Árabes Unidos é acusado de abuso sexual

O sheikh Nahyan Al Nahyan foi acusado de assediar uma mulher britânica durante os preparativos para o festival literário de Hay, deste ano

O Ministro da Tolerância dos Emirados Árabes Unidos, sheikh Nahyan Bin Mubarak Al Nahyan foi acusado de tentativa de abuso sexual por uma mulher britânica durante os preparativos para o festival literário de Hay, deste ano.

A edição de 2020 aconteceu em Abu Dhabi, apesar de repúdio de mais de 40 autores renomados contra a escolha da capital emiradense como anfitriã do prestigioso evento.

Caitlin MacNamara denuncia que foi atacada por Al Nahyan em 14 de fevereiro, data em que se comemora o Dia dos Namorados no exterior. A funcionária do festival, de 32 anos, foi chamada à ilha particular do ministro para supostamente discutir os preparativos do evento.

McNamara escolheu sair do anonimato após prestar depoimento à polícia metropolitana de Londres. Agora, aguarda decisão do Serviço de Promotoria da Coroa Britânica, se aceitará ou não o caso contra o proeminente oficial do Golfo.

Detalhes da agressão contra McNamara foram publicados pelo jornal Sunday Times. A vítima alega que Al Nahyan começou a “tocá-la” quando ambos estavam sozinhos em um dos cômodos da casa do ministro na ilha particular.

“Foi assustador”, declarou McNamara. “Eles estava no sofá ao meu lado e começou a tocar meu braço e meus pés e eu tentava me afastar. Então começou a agir de forma agressiva … De repente, percebi porque estava ali e me senti muito ingênua”.

Al Nahyan negou as acusações.

“Eu estava sozinha naquela ilha, em uma construção de concreto, com esse homem poderoso de um país onde todo dia ouvimos histórias sobre pessoas desaparecidas no deserto. E toda mulher conhece essa sensação – preciso sair sem ofendê-lo. Após trabalhar por dez anos na região [Oriente Médio], sei bem que essas são pessoas que você não pode irritar. Não é como Londres, onde eu poderia dizer sai fora”, relatou McNamara.

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Sua aflição “desenfreada” durou até 00h30 daquela madrugada, quando McNamara enfim conseguiu escapar.

Em nota divulgada no Twitter, a presidente do festival de Hay, Caroline Michel, declarou: “O que ocorreu com nossa colega e amiga Caitlin McNamara em Abu Dhabi, fevereiro último, foi uma violação chocante e abuso hediondo de confiança e poder”.

O festival anunciou ter cortado relações com o estado do Golfo.

Às vésperas do lançamento da edição deste ano, mais de 40 figuras públicas e organizações assinaram uma carta aberta denunciando os Emirados Árabes Unidos por “promover uma plataforma de liberdade de expressão enquanto mantêm atrás das grades cidadãos e residentes que compartilharam suas próprias opiniões.”

A carta enfatizou a hipocrisia presente no apoio demonstrado ao festival pelo chamado Ministro da Tolerância dos Emirados, “em um país que não tolera vozes dissidentes”.

Em 2019, grupos de direitos humanos realizaram um apelo por boicote à Cúpula Mundial de Tolerância com sede nos Emirados Árabes Unidos, ao afirmar tratar-se de “outra ferramenta na campanha emiradense de encobrir seu histórico de abusos de direitos humanos”.

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