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Príncipe saudita pressionou a Rússia a intervir na Síria, apesar de declarar apoio à oposição

Presidente da Rússia Vladimir Putin, ao lado de Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, em Buenos Aires, Argentina, 30 de novembro de 2020 [Ludovic Marin/AFP/Getty Images]
Presidente da Rússia Vladimir Putin, ao lado de Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, em Buenos Aires, Argentina, 30 de novembro de 2020 [Ludovic Marin/AFP/Getty Images]

Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, incitou o Presidente da Rússia Vladimir Putin a intervir militarmente na guerra civil da Síria, relatou uma série de documentos oficiais relacionados a um ex-chefe de inteligência saudita.

Saad al-Jabri, ex- oficial saudita de 62 anos, registrou um processo contra Bin Salman no judiciário dos Estados Unidos.

Segundo as alegações, o autor da queixa participou de duas reuniões oficiais com John Brennan, ex-diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), em 2015.

Em um dos encontros, em meados de julho, al-Jabri e Brennan discutiram uma comunicação recente de Bin Salman a Putin e ao chefe da CIA, a qual provocou receios de encorajamento saudita a uma intervenção russa em território sírio.

Conforme os relatos, quando al-Jabri reportou a preocupação de Brennan ao príncipe, recebeu uma resposta “furiosa”.

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‘Detalhe estarrecedor escondido no processo … Bin Salman encorajou a intervenção militar de Vladimir Putin na Síria, em setembro de 2015’, destaca o autor e articulista Hassan Hassan

No mês seguinte, al-Jabri e Brennan realizaram outra reunião na qual o diretor da CIA relatou ao oficial saudita que a agência não poderia perder seu contato após pedir exoneração do cargo, em protesto à intervenção do reino ao Iêmen, naquele mesmo ano.

Em setembro, a Rússia deu início a suas manobras militares dentro da Síria, em apoio ao regime do Presidente Bashar al-Assad.

A revelação estarrecedora foi detalhada no mesmo processo judicial que revelou ordens do príncipe herdeiro para enviar um esquadrão da morte ao Canadá, onde al-Jabri vive em exílio, para executá-lo.

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A equipe, composta por mercenários a serviço pessoal de Bin Salman, denominada “esquadrão tigre”, foi detectada e interceptada pela segurança do aeroporto em Toronto, ao tentar entrar no país norte-americano, em meados de outubro de 2018.

A missão frustrada de assassinato do ex-oficial saudita ocorreu duas semanas após a execução do jornalista Jamal Khashoggi, radicado nos Estados Unidos, conduzida por agentes sauditas no consulado do reino em Istambul, Turquia, em 2 de outubro de 2018.

A morte de Khashoggi atraiu indignação internacional e levou o príncipe herdeiro da Arábia Saudita às manchetes.

A suposta incitação de Bin Salman à intervenção militar da Rússia em território sírio, ainda em curso, marca uma reviravolta significativa na política internacional do reino, dentro do contexto da guerra civil no país árabe. A princípio, a Arábia Saudita declarava apoio a certos grupos de oposição da Síria.

A mudança coincide, no entanto, com a ascensão ao poder do príncipe herdeiro e seu pai, Rei Salman, após a morte do antigo monarca Abdullah. Desde então, a nação do Golfo passou a demonstrar neutralidade externa ao conflito e agir nos bastidores.

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