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Filipinas investiga suicídio de empregada doméstica em abrigo da embaixada no Líbano

Cidadãos filipinos reúnem-se na embaixada francesa em Beirute, antes de serem evacuados do país atingido por campanhas militares, no Líbano, em 23 de julho de 2006 [Nicolas Asfouri/AFP/Getty Images]

O governo das Filipinas está investigando o suicídio de uma empregada doméstica que morreu no domingo (24) após incidente em um abrigo administrado por sua embaixada em Beirute, capital do Líbano, com serviços conferidos a trabalhadores filipinos que aguardam retorno para a casa após perder emprego devido à pandemia. As informações são da agência Reuters.

Sua morte ocorre apenas alguns dias após grupos de direitos humanos demonstrarem receios sobre o tratamento de 26 empregadas domésticas que permaneciam no abrigo, sob cuidados da embaixada filipina.

O Departamento de Relações Exteriores das Filipinas (DFA) afirmou que cidadã em questão estava abrigada na instalação desde sexta-feira (22), onde compartilhava um quarto com outras duas pessoas.

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Restrições sobre o coronavírus em paralelo com o colapso econômico no Líbano levaram à demissão em massa de empregados domésticos, muitos sem devido pagamento dos ordenados. Trabalhadores buscaram asilo nas respectivas embaixadas nacionais, enquanto aguardam pela abertura de fronteiras para repatriação.

“A Embaixada pôde falar com a irmã mais velha da cidadã nas Filipinas, além de seu primo no Líbano, para oferecer suas condolências”, declarou o DFA.

“A Embaixada garantiu a segurança do restante das empregadas acolhidas no abrigo e lhes fornecerá aconselhamento caso necessário”

Nem a Embaixada das Filipinas no Líbano, tampouco o DFA, mostraram-se imediatamente disponíveis para maiores informações. Um porta-voz das forças de segurança interna do Líbano afirmou que não poderia comentar sobre investigação em curso.

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Na última semana, grupos de direitos humanos denunciaram que 26 empregadas domésticas filipinas, algumas das quais sem documentação legal, estavam mantidas sob condições de superlotação. A embaixada negou as acusações de maus tratos reiteradamente.

Bassam Al Kantar, diretor da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Líbano, relatou que estas mulheres “não podem ver a luz do dia há mais de quarenta dias”.

A embaixada filipina reportou em declaração prévia que as alegações “não representam uma descrição precisa sobre as condições”. Em 18 de maio, compartilhou vídeo nas redes sociais de um residente do abrigo reportando profusão de recursos médicos e alimentares.

Milhares de trabalhadores estrangeiros no Líbano, alguns irregulares, estão sem emprego, sem poder retornar a seus países, devido ao fechamento de fronteiras. Muitos não têm acesso a serviços públicos; outros são submetidos a abusos em confinamento, segundo a organização humanitária Anistia Internacional.

O Líbano abriga cerca de 250.000 trabalhadores estrangeiros, empregados sob o sistema de patronagem nacional (kafala), que os vincula a um único empregador.

A entidade Observatório dos Direitos Humanos (Human Rights Watch) e a Anistia Internacional responsabilizam o sistema de kafala e a impossibilidade de trocar de emprego, comum em muitos países do Oriente Médio, por abusos sistemáticos contra trabalhadores imigrantes.

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