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Israel promete abrir centros de teste de coronavírus em Jerusalém Oriental ocupada

Equipes médicas de Israel do serviço nacional de emergência Magen David Adom (MDA) testam um residente judeu da cidade de Bnei Brak, em seu complexo de exames para coronavírus (covid-19), no distrito de Tel Aviv, em 31 de março de 2020 [Jack Guez/AFP/Getty Images]

Israel deverá abrir clínicas e centros de teste de coronavírus para atender os 150.000 palestinos que vivem hoje nos bairros ocupados de Jerusalém Oriental, do outro lado dos limites estabelecidos ilegalmente pelo Muro do Apartheid.

A decisão ocorre em resposta a uma petição registrada na Suprema Corte de Justiça de Israel, no início deste mês, pela organização de direitos humanos Adalah (Centro Legal para a Minoria Árabe em Israel), reivindicando que o governo israelense forneça testes de coronavírus a residentes do campo de refugiados de Shuafat e do bairro de Kufr Aqab, no distrito de Jerusalém, região central da Cisjordânia ocupada.

Em sua petição, Myssana Morany – advogada da Adalah e co-autora do recurso – afirmou que a organização “concedeu ao governo duas opções: estabelecer instalações temporárias ou serviços de drive-in [para exames] nas próprias comunidades ou fornecer kits de teste e equipamentos apropriados a instalações de saúde já existentes em Shuafat e Kufr Aqab.”

Segundo informações da agência Wafa, o requerimento também exigiu a implementação de centros de teste fixos ou móveis para atender os residentes palestinos; treinamento para clínicas locais nestes bairros, para que as equipes conduzam os exames adequadamente; e remédios complementares que possam permitir a acessibilidade a testes para o vírus.

Logo após o anúncio de Israel de que abrirá clínicas de saúde pública e centros de teste de coronavírus nos territórios ocupados, os advogados da Adalah reafirmaram: “Apesar da demora e da possibilidade de que tais medidas de abertura de clínicas e centros de diagnóstico para coronavírus possam vir tarde demais, o compromisso de Israel em cumprir algumas de nossas demandas é um passo relevante.”

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“Entretanto, não é suficiente. Certamente, monitoraremos a implementação de tais compromissos e esperamos que o restante de nossas demandas também seja cumprido, a fim de garantir acesso à saúde para a população palestina nas áreas ocupadas de Jerusalém Oriental”, reiterou a declaração.

Mahmoud Al-Sheikh, chefe do conselho local de Shuafat, denunciou que os residentes do campo são negligenciados cotidianamente tanto por autoridades palestinas quanto israelenses, apesar de 70% deles possuírem documentos de identidade de Jerusalém e contribuírem com altos impostos de saúde municipais e nacionais.

Al-Sheikh reafirmou a grande preocupação da Adalah de que tais medidas por parte do governo de Israel cheguem tarde demais, em particular considerando que as autoridades da ocupação sequer analisaram ainda a dimensão do contágio por coronavírus em Kufr Aqab, no campo de Shuafat e bairros adjacentes.

“Na falta de testes para coronavírus no decorrer do último um mês e meio, Israel não tem a menor ideia do quanto propagou-se o vírus nestes bairros palestinos de Jerusalém, para além dos limites do Muro do Apartheid. Há uma necessidade urgente de medidas adicionais”, concluiu comunicado emitido por Suhad Bishara e Myssana Morany, advogados da Adalah.

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