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Humanidade e responsabilidade são necessárias na luta por Trípoli

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Trípoli, capital da Líbia, está submetida a bombardeios intensos e arbitrários por semanas e as vítimas costumam ser civis. A última dessas grandes tragédias foi a perda das meninas da família Raqi’i, em um ataque conduzido pelas milícias do general dissidente Khalifa Haftar contra o bairro de Ain Zara, na capital. Além disso, há tentativas constantes de romper a defesa das forças Wefaq, leais ao Governo de União Nacional, reconhecido internacionalmente. Entretanto, a comunidade internacional de fato não faz nada.

Essa agressão criminosa continua mesmo diante das ameaças do surto de coronavírus e do fato de que a Líbia não possui recursos para lidar com a propagação da doença. O plano de cessar-fogo da comunidade internacional não condenou a agressão em curso. A crise do vírus na Europa e nos Estados Unidos não é desculpa para tanto; uma declaração explícita condenando as agressões e assumindo medidas severas contra os agressores não prejudicará a capacidade dos governos em combater o Covid-19.

LEIA: Um morto e dois feridos em ataques realizados por forças de Haftar, na Líbia

Não temos qualquer esperança em Haftar ou seus apoiadores radicais. Sua conduta política e militar foi além dos limites do que é razoável ou mesmo aceitável; suas ações mergulharam cada vez mais fundo em um abismo de desumanidade conforme continuou a espalhar terror e assassinar pessoas inocentes, principalmente crianças. Tais atos revelam uma mente doente e desesperada que favorece a destruição em detrimento do desenvolvimento.

Aqueles que tentam justificar a agressão contra Trípoli apesar da pandemia e do massacre de civis devem parar imediatamente. É isso que fazem pessoas decentes em tempos como este; ao contrário, devem unir forças com ações positivas para enfrentar o perigo iminente que não diferencia norte, leste, sul ou oeste. Há muitos exemplos na história de inimigos que fizeram as pazes para trabalhar juntos em tempos de calamidade.

General Khalifa Haftar tenta dominar a Líbia – cartum [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

General Khalifa Haftar tenta dominar a Líbia – cartum [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]A demora da comunidade internacional em lidar com a escalada reflete uma imagem de cumplicidade; de fato, é interpretada pelas muitas pessoas que repudiam a agressão sobre a capital como conivência sistemática e subjugação de uma solução política por uma resposta militar. Declaração emitidas pela comunidade internacional e oficiais do Ocidente de que a crise não pode ser solucionada pelas armas não repercutem na realidade em solo.

Porém, não podemos simplesmente culpar a opinião pública antibélica por interpretar a situação desta maneira. Tampouco por estarmos convencidos de que a maioria das partes internacionais está envolvida em algum tipo de conspiração contra o Governo de União Nacional e o caminho democrático, com esforços árduos por trás das cenas para conceder a Haftar uma chance após a outra de conquistar seus objetivos por meio das armas.

O silêncio sobre a agressão das milícias, que resultou em muitas mortes nos bombardeios de Trípoli, não pode ser encoberto e esquecido pelo fardo representado pelo vírus. Haftar já atingia e assassinava inocentes muito antes do surto de Covid-19 e a comunidade internacional não fez nada sobre seus crimes. Haftar continua a despejar sangue inocente na Líbia enquanto a missão internacional e outras partes relevantes simplesmente pedem às partes em conflito que interrompam a escalada e se preparem para a pandemia.

A situação não pode ser solucionada por meio de condenações no discurso ou pela mera exposição dos detalhes das agressões de Haftar. Tal resposta não é suficientemente efetiva. A única alternativa hoje é responder firmemente às violações de Haftar.

Em nome da lei, da moral e da razão, o Governo de União Nacional e as forças que o representam devem utilizar todos os recursos disponíveis para reagir às milícias de Haftar e capturar seus militantes até que a capital da Líbia esteja segura e que seus habitantes estejam livres dos bombardeios. O governo de fato cooperou com a Turquia e obteve êxito em neutralizar a força aérea de Haftar, após esta dominar os céus de Trípoli por meses e meses. Também é capaz de neutralizar sua artilharia por meio de uma operação militar ampla que se encerre com a retirada das forças de infantaria de Haftar a uma distância segura.

Essa é a menor das responsabilidade confiadas ao governo neste instante. Caso fracasse, perderá a própria legitimidade como governo durante o período atual. Um atraso ainda maior em garantir segurança à capital líbia e seus habitantes diante das investidas de Haftar e seus bombardeios indiscriminados concederia uma evidência clara de que o governo atual é incompetente para lidar como este estágio tão perigoso da guerra em Trípoli. Humanidade e responsabilidade são necessárias a ambos os lados na luta pelo futuro da Líbia.

Artigo traduzido para o inglês da rede notícias Arabi21, publicado em 21 de março de 2020

LEIA: Vinte e cinco membros da milícia líbia de Haftar são mortos em Trípoli

 

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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