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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Comunidade internacional não demonstra qualquer oposição à medida que Israel altera o paradigma de dois estados

Forças de Israel obrigam palestino de Jerusalém a demolir sua própria casa [Maannews]

A União Europeia prevê um aumento no número das demolições conduzidas por Israel contra habitações e estruturas palestinas na Cisjordânia ocupada, o que perpetua, portanto, o problema do deslocamento. O Ministro da Defesa de Israel Naftali Bennett descreveu seu plano para impor soberania israelense à chamada Área C como “uma batalha real e imediata pelo futuro das Terras de Israel.”

Em 2019, Israel excedeu as estatísticas do ano anterior sobre tais demolições e deslocamentos subsequentes. A política de demolição de Israel efetivamente atingiu estruturas palestinas e instalações mantidas com recursos da União Europeia, sem distinção. A rede de notícias independente EUobserver reportou que Israel demoliu 35 por cento mais habitações e deslocou 95 por cento mais palestinos, quando comparado com os números de 2018.

Apesar disso, a União Europeia hesita em assumir qualquer postura contra a colonização israelense, mesmo quando exige indenização pelos danos de Israel contra estruturas mantidas com recursos financeiros do bloco europeu. Na última semana, Israel demoliu uma casa palestina e as fundações de uma escola em Al-Ridaiyya e Birin, respectivamente.

A justificativa simplista de Bennett para a colonização da Área C, na Cisjordânia ocupada, busca diminuir o papel e a importância do consenso internacional. “Não somos membros da ONU”, declarou.

O desprezo de Israel pela lei internacional é bastante conhecido. Entretanto, os meios pelos quais a ONU e a União Europeia de fato auxiliam o estado sionista em sua trajetória costumam ser ignorados. Na segunda-feira (20), Ursula Mueller, Secretária-Geral Assistente para Assuntos Humanitários da ONU, fez um apelo por “compromisso reiterado e financiamento consistente com o objetivo de ajudar a aliviar o sofrimento dos palestinos em Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.”

A visita de Mueller aos territórios palestinos ocupados e a Tel Aviv ilustram, no entanto, a discrepância com a qual a ONU insiste em abordar o assunto. Nos territórios palestinos, a oficial das Nações Unidas presenciou em primeira mão as privações que deixam comunidades palestinas inteiras sob risco de perder o acesso às necessidades mais básicas, resultado direto da colonização israelense sobre suas terras. Em Tel Aviv, porém, Mueller “cumprimentou Israel por sua contribuição aos esforços para ajudar a solucionar a emergência global.”

Da mesma forma que a ONU isola os palestinos politicamente, Mueller apartou a Palestina daquilo que considera “global”. A tendência hegemônica de contribuir para a propaganda do Estado de Israel enquanto recusa-se a responsabilizá-lo pelo declínio dos direitos palestinos é hipócrita, para dizer o mínimo.

Os planos de Bennett para a Área C aumentarão o impacto humanitário enfrentado pelo povo palestino e a responsabilidade financeira mais uma vez cairá no colo dos agentes internacionais, que definem a Palestina somente através das lentes do apoio humanitário.

Esta generalização torna mais fácil negligenciar as violações de direitos humanos perpetradas por Israel através de severo controle militar, impedimentos à liberdade de movimento e coação sistemática ao deslocamento forçado. Dentre tais violações, a mais recente foi a emissão de dezoito ordens de demolição contra residências da aldeia de Masafer Yatta, perto de Hebron (Al-Khalil), Cisjordânia ocupada.

É evidente que tanto a ONU quanto a União Europeia não desejam alterar seu comportamento no que se refere a proteger os palestinos e suas terras. O anúncio de Bennett de que deverá criar “reservas naturais” – eufemismo frequente para o roubo de terras pelo estado israelense – na Área C também foi ignorado pela comunidade internacional, a despeito das implicações óbvias da maior apropriação de terras palestinas pelo estado ocupante. Tendo em mente as consequências das ações de Bennett, vale questionar: qual parte do consenso de dois estado ainda é respeitada e protegida incondicionalmente pela comunidade internacional, considerando a exclusão de um “plano B”?

Antonio Guterres, Secretário-Geral da ONU, recusou-se reiteradamente a considerar qualquer alternativa – caso sejam provenientes de propostas palestinas, é claro. A alteração do mapa palestino e do paradigma internacional de dois estados por parte de Israel, mais uma vez, não representa prioridade alguma nos debates conduzidos pelas Nações Unidas, além de ser ignorada deliberadamente, ao que tudo indica. Em outras palavras, não há qualquer oposição internacional a um suposto “plano B”, desde que Israel seja seu arquiteto.

LER: Em nome da ‘segurança de Israel’, Estados Unidos em retirada destina bilhões em apoio militar

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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