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No Brasil sob Bolsonaro, BRICS exclui posição sobre Jerusalém e apoio a refugiados

Presidentes da China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul na Cúpula do BRICS [Valter Campanato/Agência Brasil]

A XI Cúpula do BRICS ( bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul) ocorreu em Brasília, entre os dias 13 e 14 de novembro, e resultou em um documento que ignora, tanto as crises da América do Sul, com situações quanto a situação da Palestina sob ocupação e contínuos ataques israelenses.

A postura do governo de Jair Bolsonaro, de aproximação amigável com os países do bloco formado na gestão do presidente Lula, assim como a recente visita a Pequim, chamaram atenção da imprensa, dadas as críticas à China e o alinhamento declarado aos Estados Unidos que marcaram tanto a campanha eleitoral do agora presidente brasileiro quanto os primeiros meses de seu governo.

A moderação de Bolsonaro, que resultou em um fundo de 100 bilhões de dólares da China para o Brasil, teve seu custo no posicionamento do bloco que simplesmente ignorou a situação explosiva que vive a América do Sul, com protestos no Chile, renúncia forçada do presidente da Bolívia, Evo Morales, crise política e econômica na Venezuela, cujo governo tem o apoio da Rússia, e tentativas de deposição do presidente Nícolas Madura apoiadas diretamente pelo Brasil e pelos Estados Unidos.

Outro recuo do Bloco se deu na posição sobre Jerusalém . No ano passado, o documento final do BRICS determinava que o status da cidade deveria ser definido ao final de negociações de paz entre Israel e Palestina. Esse trecho foi removido do documento, por influência do governo brasileiro.

O presidente Bolsonaro chegou a se comprometer com o eleitorado evangélico a mudar a embaixada brasileira em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém, mas acabou recuando, ameaçado de retaliações pelos países árabes. No entanto, abriu um escritório diplomático em Jerusalém e não retirou a mudança da embaixada do horizonte.

O BRICS manteve no texto a posição a favor de dois estados que permita a israelenses e palestinos viverem “lado a lado, em paz e segurança”, retirou o trecho sobre Jerusalém e incluiu “a necessidade de novos e criativos esforços diplomáticos para atingir-se uma solução justa e abrangente do conflito israel palestino, a fim de alcançar a paz e a estabilidade no Oriente Médio”.

Outro trecho da declaração de 2018 que desapareceu em 2019 foi o parágrafo que apoiava a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA).

A declaração de 2018 afirmava o papel vital da agência para a estabilidade da região, fornecendo ” saúde, educação e outros serviços básicos para quase 5,3 milhões de refugiados palestinos” e também a “necessidade de garantir um financiamento mais adequado, suficiente, previsível e sustentável para a agência”.

A omissão reflete o alinhamento brasileiro a Israel e aos Estados Unidos, que contestam o papel da agência. Em 2018, Donald Trump cortou o financiamento da UNRWA, agravando a situação dos refugiados palestinos.

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