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Ataques islamofóbicos aumentam 375% após primeiro-ministro do Reino Unido comparar muçulmanas a caixas de correio

Protesto com faixas, organizado pela plataforma Stand Up To Racism, em frente ao escritório de contato do Partido Conservador em Londres, Reino Unido, contra o ex-secretário de Relações Exteriores britânico Boris Johnson após seu artigo islamafóbico, que inclui crimes de ódio contra mulheres que usam niqab ou burca. Em 9 de agosto de 2018. [Tayfun Salcı/Agência Anadolu]

O Tell Mama disse que houve um aumento de 375% nos ataques islamofóbicos na semana seguinte a que Boris Johnson escreveu uma coluna no Telegraph comparando mulheres muçulmanas a caixas de correio e ladrões de bancos.

De acordo com o relatório anual do grupo de monitoramento, uma semana após a publicação do então ministro das Relações Exteriores, agora primeiro-ministro, em agosto de 2018, ocorreram 38 incidentes antimuçulmanos, 22 envolvendo mulheres com véu ou usando o niqab.

Os incidentes registrados fizeram alusão ao artigo de Johnson: “Entre 5 e 29 de agosto, 42% dos incidentes nas ruas relatados ao Tell Mama referenciaram diretamente Boris Johnson e/ou a linguagem usado em sua coluna”.

Depois que Johnson disse que era “opressivo” e “ridículo” que as pessoas escolhessem usar véus, ele enfrentou uma reação generalizada, inclusive do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, que o acusou de “ceder à extrema direita”.

Na época, o presidente do Fórum Muçulmano Conservador, Mohammed Amin, alertou que a coluna “estimularia o ódio pelas mulheres que usam niqab e burca”.

O imã da mesquita de Finsbury Park, Mohammed Mahmoud, disse que o governo não demonstrou “envolvimento significativo” com a comunidade muçulmana.

Johnson, que era secretário de Relações Exteriores na época, foi denunciado à Comissão de Igualdade, mas depois foi liberado da acusação de violar o código de conduta do partido Conservador.

Não foi a primeira acusação contrra Johnson por manifestar sentimentos antimuçulmanos. Em 2005, ele escreveu que a islamofobia parece uma “reação natural” ao Alcorão e que “o problema é o islamismo. O Islã é o problema” – disse, em resposta aos atentados a bomba em Londres.

Também no ano passado, a ex-copresidente conservadora, baronesa Warsi alertou que a islamofobia era “generalizada”, indo “direto ao topo” do partido, mas ignorada por razões eleitorais.

Uma pesquisa realizada este ano pela organização YouGov para a campanha Hope Not Hate revelou que 60% dos conservadores acreditam que o Islã é “geralmente uma ameaça à civilização ocidental”.

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