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Ativista canadense reúne 800 mil documentos que implicam Assad em crimes de guerra

Equipes de defesa civil e locais conduzem operações de busca e resgate entre os escombros de edifícios atingidos por aviões de guerra de Assad, na zona de desescalada de Ariha, em Idlib, Síria, 12 de julho de 2019 [Muhammed Said/Agência Anadolu]

Um relatório divulgado pelo jornal israelense Haaretz informou que William (Bayley) Wiley, ativista de direitos humanos canadense, coletou cerca de 800 mil documentos que implicam o Presidente da Síria Bashar Al-Assad em crimes de guerra. Conforme consta, esses documentos são hoje mantidos em um depósito bastante protegido em algum país europeu.

Segundo o jornal, os documentos abrangem as minutas de audiências e ordens militares diretamente emitidas por Assad e foram coletados durante os últimos seis anos, com auxílio de mais de quarenta ativistas de campo nas zonas de combate, na Síria. William Wiley, que gerencia o acervo de documentos, tem esperanças de que Bashar Al-Assad seja julgado e responsabilizado por seus crimes de guerra em cortes internacionais.

O jornal israelense conduziu uma entrevista com o ativista, que afirmou: “Os materiais que coletamos contêm testemunhos suficientes para julgá-los por diversos crimes. Há peças sólidas de evidências de seu comprometimento com crimes de guerra, tão sólidas quanto concreto. Caso encerrado.”

Segundo o Haaretz, os documentos estão mantidos em uma cidade europeia não-identificada, devido a eventuais ameaças de morte contra o ativista canadense. Os documentos incluem fotografias que documentam as atrocidades dos crimes do regime. Mais de 30 mil fotos revelam os horrores da guerra na Síria. Segundo Wiley, em declaração ao jornal canadense The Globe and Mail: “[As fotografias] são parte do caso mais consolidado e documentado desde os julgamentos de Nuremberg.”

Wiley reiterou na entrevista ao Haaretz: “Tivemos sucesso em desenvolver e reunir evidências abundantes que relacionam Assad e seus associados mais próximos na liderança do governo em crimes de guerra.” Segundo o jornal, Wiley pode ser considerado agente de espionagem privado, juiz autonomeado ou ambos.

“Por muitos anos, fui capaz de acompanhar de perto as restrições que regem o trabalho de instituições oficiais internacionais, o que podem fazer e o que não podem fazer,” disse o ativista, segundo o jornal.

Wiley também afirma que muitas organizações sofrem de duas limitações principais. A primeira é o receio de arriscar a vida das pessoas e, consequentemente, manter um número pequeno de ativistas de campo, o que impõe restrições na coleta de informações e testemunhos locais. A segunda restrição relaciona-se às instituições, como a Corte Penal Internacional em Haia, que não lhes concede o direito à iniciativa, tanto de ações quanto de coleta de tais testemunhos. Além disso, essas instituições são “limitadas por considerações políticas e diplomáticas que dificultam suas atividades.”

O jornal Haaretz destacou que, no passado, Wiley serviu ao Exército do Canadá. O ativista é doutor em direito criminal internacional e serviu como consultor judiciário contra os crimes de guerra do presidente iugoslavo Slobodan Milošević.

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