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Egito lança portal para ‘corrigir’ interpretações sobre direitos humanos

Forças de segurança do Egito [Asraf Amra/Apaimages]

O Serviço de Informação do Estado (SIS, em inglês), órgão público do Egito, lançou um portal de dados cujo intuito, segundo o governo, é promover a compreensão correta sobre direitos humanos.

O SIS declarou que irá utilizar o portal para contestar tentativas de politizar os direitos humanos no Egito e contrapor organizações suspeitas de tentar explorar questões de direitos humanos. As informações são do jornal Asharq Al-Awsat.

Desde sua posse, em 2014, o presidente egípcio Abdel Fattah Al-Sisi executou uma série de abusos de direitos humanos a fim de silenciar qualquer oposição ao governo vigente.

A Organização Árabe para Direitos Humanos estima que até 3.185 civis foram mortos de forma extrajudicial por forças de segurança do Egito, desde o golpe de estado, em julho de 2013.

O Egito bateu recordes no número de sentenças de morte – mais de 2.500 desde 2014, centenas das quais por violência política, segundo a organização Human Rights Watch (Observatório de Direitos Humanos).

No norte do Sinai, o Exército do Egito matou mais de 4.000 pessoas, incluindo crianças, e deslocou outras milhares, ao demolir suas casas sem oferecer qualquer alternativa de moradia.

Apesar do fato desses abusos serem amplamente documentados, o governo egípcio mantém tentativas de desacreditá-los.

Em junho, o SIS afirmou que “a organização Human Rights Watch fabrica mentiras cotidianamente no que se refere à situação dos direitos humanos no Egito.” A agência do governo também declarou que a rede BBC “promove as mentiras da Irmandade Muçulmana, grupo terrorista” e que as declarações da Anistia Internacional sobre a tortura de crianças no país “não se baseiam em qualquer evidência tangível e são imprecisas.”

Em março, autoridades do Egito responderam a um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre direitos humanos ao declará-lo “não objetivo.”

Mais cedo, ainda este ano, Al-Sisi defendeu seu histórico em relação aos direitos humanos ao afirmar que a Europa não deve dar sermões ao mundo árabe: “Vocês não irão nos ensinar nada sobre humanidade.” E acrescentou: “Nós temos nossa própria noção de humanidade, nossos próprios valores, nossos próprios princípios morais; vocês têm sua própria ideia de humanidade e moral e nós respeitamos isso. Respeite nossos valores, nossos princípios, como respeitamos os seus.”

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