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Trump rejeita relatório da ONU sobre o assassinato de Khashoggi mencionando acordo militar multibilionário

Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, posa para uma foto com Mohammed bin Salman Al Saud, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, em Washington DC, Estados Unidos, 20 de março de 2018 [Bandar Algaloud/Conselho da Monarquia Saudita/Agência Anadolu]

Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, rejeitou um pedido da ONU para maiores investigações sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, argumentando a favor de acordos comerciais multibilionários entre Washington e Riad.

Em entrevista exibida ontem ao programa “Meet the Press”, da rede NBC, Trump afirmou que o assassinato de Khashoggi já foi investigado exaustivamente. Seus comentários sugerem que qualquer inquérito adicional sobre o hediondo assassinato do jornalista do Washington Post prejudicará o acordo de defesa multibilionário com a Arábia Saudita.

Ao argumentar que o Oriente Médio é “um lugar hostil e perverso” e que a Arábia Saudita é um importante parceiro comercial, Trump declarou: “Digo somente que eles gastam US$ 400 a US$ 450 bilhões regularmente, mais dinheiro, mais emprego, comprando equipamentos.”

Reiterando suas declarações, acrescentou: “Eu não sou um idiota de dizer, ‘Não queremos negócios com eles.’ E, aliás, caso não façam negócio conosco, você sabe o que farão? Farão negócio com os russos ou com os chineses.”

Durante a entrevista, Trump revelou que recentemente teve “uma conversa ótima” com Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro saudita, e que não mencionou o assunto do relatório da ONU publicado na semana anterior, no qual a entidade concluía que o assassinato de Khashoggi “constitui uma execução extrajudicial, pela qual o Estado do Reino da Arábia Saudita é responsável.”

O relatório exigiu maiores investigações em torno do príncipe herdeiro, governante de fato do país. Os assassinos enviados pela monarquia descrevem Khashoggi como “bode expiatório.”

Oficiais sauditas também rejeitaram as descobertas da ONU. Confrontado com os detalhes violentos divulgados pelo relatório, Adel Al-Jubeir, Ministro de Estado para Relações Internacionais da Arábia Saudita, declarou à rede CNN que o documento está “equivocado.”

“Sabemos que esta é uma operação clandestina, que não foi autorizada,” argumentou o ministro. “Sabemos também que o crime foi cometido. Temos pessoas presas e sob julgamento enquanto conversamos.”

Manifestantes protestam em frente à Casa Branca contra o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em Washington DC, 19 de novembro de 2018 [Win McNamee/Getty Images]

O ministro saudita ainda acrescentou: “É um assassinato hediondo que aconteceu fora do domínio das autoridades e pelo qual as pessoas que o cometeram serão punidas… isso jamais deveria ocorrer.”

Esta linha de defesa, no entanto, foi rejeitada pela ONU.

O comentário de Trump é o último de uma série de declarações nas quais o ex-magnata do ramo imobiliário tem priorizado os acordos comerciais multibilionários com a monarquia em detrimento das recomendações de seu próprio serviço de inteligência, além das reivindicações do Congresso americano. A CIA considera Mohammed bin Salman como principal responsável pela morte de Khashoggi, enquanto o Senado declarou recentemente que o comércio de armas com Riad e com os Emirados Árabes Unidos (EAU) é ilegal.

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