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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

A ONU e Israel estão fabricando narrativas humanitárias

Palestinos, em especial idosos, doentes e deficientes, se reúnem para pedir esforços internacionais diante da crise humanitária em Gaza [Mohammed Asad / Monitor do Oriente Médio]

Apesar da dissonância entre Israel e qualquer ajuda humanitária, não faltam propagandas com o intuito de retratar o Estado colonial de assentamentos como um farol brilhante a ser seguido. Uma exposição fotográfica está agendada para ser apresentada na ONU a fim de mostrar, nas palavras do embaixador de Israel, Danny Danon, “até onde Israel irá para ajudar os necessitados, independentemente de quem são ou onde moram”. Caso fosse honesto, deveria ter acrescentado: “desde que não se trate de palestinos”.

A declaração de Danon fala por si. Israel de fato fará qualquer coisa para criar uma imagem falsa de benevolência, uma vez que procura evitar qualquer análise de suas violações de direitos humanos contra os palestinos. Apagar sua violência da vista do público é crucial para manter uma fachada humanitária. Uma maneira eficiente de fazer isso é entrar em ação onde e quando as emergências humanitárias puderem ser exploradas para obter pontos políticos dentro da arena internacional.

Mais de 1 milhão de palestinos foram deslocados em 1948

Ao descrever a exposição, Danon declarou que seria “mais uma oportunidade de mostrar à ONU a verdadeira e bela face do Estado de Israel e de seus valores morais”. Sua hipérbole romantizada não alterará o fato de que Israel foi fundado sobre o terrorismo de milícias sionistas e da limpeza étnica da população nativa palestina. Nenhuma pose de exemplo humanitário pode compensar a continuação da Nakba palestina.

Por ironia, dadas as alegações abundantes e auto-congratulatórias de Danon, Israel é o estado mais habilidoso ao proporcionar as condições que tornam uma população colonizada dependente da ajuda humanitária. O mundo viu recentemente como o lobby israelense foi bem-sucedido lobby para que Washington barrasse o apoio financeiro à Agência da ONU, que fornece ajuda humanitária e serviços essenciais ao povo da Palestina ocupada. Da mesma forma, Israel provou ser extremamente competente ao tratar de impor um bloqueio ilegal que, agravado com ofensivas militares intermitentes e bombardeios a Gaza, levou a ONU a afirmar que a região se tornará inabitável no próximo ano.

A exposição pode, assim, ser interpretada como a colaboração de dois atores que vivem da privação humanitária. Tanto a ONU quanto Israel dependem de violações de um tipo ou de outro; a ausência de vítimas garantirá seu colapso. Para obscurecer a narrativa palestina e promover a agressiva diplomacia israelense, disfarçada de humanitária, não poderia haver um parceiro melhor do que a ONU e suas décadas arriscando vidas palestinas para acomodar a agenda colonial.

Trazer Israel para a ONU é outra razão por trás da exposição. A intenção, como Danon explicou, é fazer com que representantes da ONU “mudem sua disposição em relação à Israel” na Assembléia Geral. Não importa qual seja o último esforço humanitário do Estado sionista, o fortalecimento dos laços diplomáticos entre Israel e o presidente de direita do Brasil, Jair Bolsonaro, também favorece a eliminação dos povos nativos em seus próprios territórios. A exposição, portanto, tem uma agenda ambígua, ao invés de ser uma oportunidade de mostrar “valores humanitários”, com a ONU desempenhando o papel de um fantoche voluntário.

Por trás da fachada prepotente de Israel, vemos o curso da colonização avançar sobre o que resta da terra palestina, projeto que Israel tem a intenção de completar, independentemente de ter ou não apoio para as violações do direito internacional. Não importa o que faça ou diga a ONU, Israel continuará a agir com impunidade e desprezo pelo resto de nós. Além disso, se conseguir normalizar a colonização, agindo dentro de parâmetros humanitários em outras localidades, a oposição ao desaparecimento completo da Palestina, como uma realidade e uma causa, diminuirá ainda mais dentro da comunidade internacional.

Rascunho da resolução dos EUA na ONU para condenar a resistência palestina – Cartoon [Arabi 21]

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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