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ONU: Mais de um milhão de palestinos em Gaza podem ficar sem alimentos em junho

Crianças palestinas ao lado de sacos de comida providenciados como auxílio pela agência da ONU para os refugiados palestinos, na Faixa de Gaza, em 24 de janeiro de 2018 [Said Khatib/AFP/Getty Images]

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou hoje que, a menos que consiga US$60 milhões em financiamento até junho, sua capacidade para prover alimento a mais de um milhão de refugiados palestinos em Gaza será severamente limitada.Em declaração, a organização internacional afirmou: “No momento, enquanto muçulmanos ao redor do mundo celebram o mês sagrado do Ramadã, frequentemente caracterizado pela natureza festiva dos jantares de Iftar, em Gaza, mais da metade da população depende de alimentos providenciados por ajuda da comunidade internacional.”

A declaração da UNRWA destacou que, a menos que consiga “no mínimo US$60 milhões adicionais até junho, sua capacidade para continuar a prover alimento a mais de um milhão de refugiados palestinos em Gaza, incluindo 620.000 em situação de miséria – aqueles incapazes de cobrir suas necessidades alimentares básicas e que têm de sobreviver com US$1.6 por dia – e quase 390.000 em situação de extrema pobreza – aqueles que sobrevivem com cerca de US$3.5 por dia – será severamente limitada.”

A UNRWA é financiada quase inteiramente por contribuições voluntárias. Ao longo dos anos, o apoio financeiro foi ultrapassado pelo aumento da demanda. Em 2000, havia menos de 80.000 refugiados palestinos recebendo assistência social da UNRWA em Gaza; hoje, há mais de um milhão de pessoas que precisam de assistência alimentar emergencial, sem a qual não podem sobreviver ao dia-a-dia.

Matthias Schmale, Diretor de Operações da UNRWA em Gaza, afirmou: “Isso consiste em um aumento de quase dez vezes causado pelo bloqueio que conduz o fechamento de Gaza e seu impacto desastroso na economia local, os conflitos sucessivos que destruíram bairros inteiros e infraestruturas públicas, e a incessante crise política interna palestina que começou em 2007 com a chegada do Hamas ao poder em Gaza.”

Um relatório publicado pelas Nações Unidas em 2017 alertou que a Faixa de Gaza se tornaria “inabitável” em 2020.

A taxa de desemprego em Gaza cresceu 52 por cento no último ano, com mais de um milhão da população local – que consiste em dois milhões de pessoas – dependente de doações trimestrais de alimentos pela UNRWA.

Estabelecida em 1949, a UNRWA fornece auxílio crítico a refugiados palestinos na Faixa de Gaza bloqueada, Cisjordânia ocupada, Jordânia, Líbano e Síria.

No ano passado, o Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que Washington “não iria mais se comprometer com subsídios” à UNRWA. O país era isoladamente o maior contribuidor à agência, fornecendo US$350 milhões por ano – aproximadamente um quarto do orçamento total da agência.

Este anúncio foi apresentado um mês após a descoberta de um relatório secreto americano que declara que há somente 40.000 refugiados palestinos, considerando que são os palestinos que deixaram sua pátria em 1948 e permanecem vivos hoje, não seus descendentes.

Relatos indicam que Jared Kushner, assessor sênior e genro de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, tentou pressionar a Jordânia a retirar mais de dois milhões de palestinos do status de refugiados em um movimento que almeja extinguir o trabalho da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA).

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