O príncipe Turki al-Faisal al-Saud, ex-embaixador saudita em Washington e Londres e ex-ministro de Inteligência da monarquia, alertou que a segurança do Golfo está sob ameaça direta no atual contexto de escalada israelense, sobretudo após ataques a Doha, capital do Catar, em 9 de setembro.
Durante Jantar de embaixadores, no Palácio Cultural do Quarteirão Diplomático de Riad, o príncipe saudita descreveu a agressão — contra negociadores do grupo Hamas, incluindo entre os mortos um cidadão catari — como chamado a despertar a toda a região.
“A região do Golfo vivenciou um ataque hostil e traiçoeiro de Israel à soberania do Catar”, reiterou. “Este ataque é um lembrete a todos os Estados do Golfo de que sua segurança comum está sob ameaça, por um Estado pária sem qualquer respeito às normas ou à lei internacional”.
Al-Faisal alertou que o incidente incita dúvidas sobre a confiabilidade de alianças e instou o Golfo a reavaliar estratégias securitárias: “Os países devem repensar a natureza dessas ameaças e reestruturas políticas para se protegerem seja como for”.
Diante da escalada israelense, há quase dois anos, ressaltou: “Israel não pode usufruir de passe livre”.
Sobre o Oriente Médio como um todo, o príncipe destacou os desafios do conflito israelo-palestino e criticou a comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos, por falharem em promover estabilidade.
“Creio que nenhuma região do mundo sentiu mais a incerteza internacional do que nosso Oriente Médio”, concluiu al-Faisal. “Quem é responsável pela situação em curso, porém, segue uma questão em aberto. Contudo, nossos países e líderes têm responsabilidade, e os Estados Unidos carregam a maior parcela dessa incumbência”.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 66 mil mortos, 168 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob cerco, destruição e fome. Entre as fatalidades, cerca de 20 mil são crianças.
Neste entremeio, o exército da ocupação israelense avançou contra Líbano, Síria, Iêmen, Irã e, mais recentemente, Catar.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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