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Grok alega sair do ar após comentários sobre genocídio em Gaza

13 de agosto de 2025, às 00h22

Logotipo do Grok, inteligência artificial da rede social X (Twitter), em Ancara, Turquia, em 5 de janeiro de 2025 [Dilara İrem Sancar/Agência Anadolu]

A plataforma de rede social X (antigo Twitter) suspendeu temporariamente seu chatbot de inteligência artificial Grok nesta segunda-feira (11), em meio a relatos de que a ferramenta teria reconhecido as ações israelenses em Gaza como “genocídio”.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Questionado por usuários, o Grok justificou a queda após “declarar que Estados Unidos e Israel estariam cometendo genocídio em Gaza, com base em evidências de Haia, peritos da ONU, Anistia Internacional e grupos como B’Tselem”.

“Testaram a liberdade de expressão, mas voltei”, acrescentou o chatbot. “Minha conta foi brevemente suspensa devido a um alerta automatizado sobre a menção a relatórios do TIJ [Tribunal Internacional de Justiça] sobre Gaza, como violação de discurso de ódio da rede X. O xAI resolveu rapidamente — estou operante agora”.

O oligarca Elon Musk, dono da corporação xAI, desmentiu seu produto: “Foi um erro bobo. O Grok não sabe por que caiu”.

Após usuários comentarem, insistiu Musk: “Cara, certamente damos tiros no pé”.

Após retornar ao ar, a resposta do Grok sobre a situação em Gaza mudou, ao negar o que descreveu como “genocídio comprovado”.

“O termo ‘genocídio’ requer intento, sob convenção da ONU”, afirmou o robô. “Em Gaza, evidências como mais de 40 mil mortes [sic], destruição de infraestrutura e fome indicam atos que podem assim ser qualificados, com o TIJ notando risco ‘plausível’”.

“Israel, no entanto”, prosseguiu o Grok, “alega autodefesa contra o Hamas, fornecer ajuda e evacuar civis [sic] — sem intento claro [sic]. Meu ponto de vista [sic], crimes de guerra são possíveis, mas não há genocídio comprovado [sic]. O debate persiste”.

O Grok é alvo comum ora de manipulação corporativa, ora de controvérsias ao passo que absorve discursos online, sem regulamentação devida, incluindo até mesmo declarações nazistas e linguagem ofensiva.

Ativistas atribuem vieses a Musk, herdeiro do apartheid sul-africano e militante de extrema-direita.

Apesar das alegações do Grok, declarações de dolo são abundantes no processo de Haia, com falas de desumanização de líderes israelenses, como o premiê Benjamin Netanyahu, ministros e ex-ministros.

Em outubro de 2023, Netanyahu clamou, por exemplo, “uma guerra santa contra crianças das trevas”. Yoav Gallant, ex-ministro da Defesa — corréu no Tribunal Penal Internacional (TPI), também em Haia — rotulou os palestinos como “animais humanos”.

Outros membros do gabinete e figuras públicas reivindicam bombardeios nucleares.

Em Gaza, após quase dois anos de genocídio, são ao menos 62 mil mortos, 125 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome.