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‘America First’ ou apoio a Israel: Trump ameaça Canadá por reconhecer a Palestina

1 de agosto de 2025, às 14h19

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante coletiva de imprensa na Casa Branca, em 4 de fevereiro de 2025 [Celal Günes/Agência Anadolu]

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou indignação em sua própria base após ameaçar obstruir um acordo de negócios com o Canadá como retaliação às promessas do vizinho de reconhecer um Estado palestino.

Em sua rede social Truth, ameaçou o presidente, ao concluir com uma menção ao hino canadense: “O Canadá anunciou seu apoio a um Estado para a Palestina. Vai ficar muito difícil para nós fazer Negócios [sic] com eles. O Canadá!”

Para analistas — incluindo conservadores e influencers de extrema-direita —, a rápida resposta de Trump prioriza interesses estrangeiros, em detrimento de cálculos políticos e econômicos para fins domésticos.

Matt Walsh, conhecido comentarista conservador, lamentou na rede social X (Twitter): “Isso é ridículo. Se um acordo com o Canadá é benéfico para o povo americano, então deveria ir adiante, não importa a posição do Canadá sobre a Palestina”.

A postagem levou a debate entre o séquito direitista: alguns apoiaram Walsh, outros o acusaram de ignorar a “aliança especial” com Israel. Críticos, no entanto, observaram a proximidade de fato entre Canadá e Estados Unidos, incluindo tratados militares.

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Junto de França e Reino Unido, o Canadá repousa há décadas na esfera de influência de Washington. Em contraste, os laços com Israel, embora historicamente profundos, são vistos como ideológicos, alimentados por lobby em vez de pautas nacionais.

Críticos ressaltaram ainda que o incidente expõe fissuras políticas nos Estados Unidos: de mesmo lado, progressistas pró-Palestina e nacionalistas que aderiram ao slogan de “America First”; do outro, lobistas, ideólogos e fundamentalistas cristãos.

Apesar da abundância de evidências de crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos por Israel em Gaza — com 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco e fome —, Washington mantém seu alinhamento com a ocupação.

Países ocidentais, contudo, vêm rompendo com posicionamentos tradicionais, embora calculadamente, com declarações de apoio ao reconhecimento de um Estado palestino como forma de salvaguardar um cessar-fogo e a solução de dois Estados.

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