O ministro de Relações Exteriores da Síria, Asaad al-Shaibani, reiterou que o país quer a Rússia “a seu lado”, na primeira visita oficial de seu governo a Moscou desde o colapso do regime de Bashar al-Assad — aliado do Kremlin —, em dezembro.
“Nossa época está repleta de desafios e ameaças, mas é também uma oportunidade de construirmos uma Síria forte e unida”, declarou al-Shaibani ao homólogo russo, Sergey Lavrov, nesta quinta-feira (30). “Estamos interessados, é claro, em ter a Rússia do nosso lado, neste caminho”.
O diplomata, porém, reconheceu impasses e pediu “respeito mútuo”.
Assad fugiu a Moscou no ano passado, após 13 anos de guerra civil e duas semanas de avanço relâmpago da oposição, que assumiu o poder.
Apesar de estarem em lados opostos durante o conflito, o novo governo sírio, liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, decidiu assumir uma abordagem pragmática sobre Moscou.
Em janeiro, uma delegação russa visitou Damasco. No mês seguinte, o presidente russo Vladimir Putin realizou um telefonema “construtivo, de negócios” com al-Sharaa.
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Desde então, tropas russas permanecem em bases militares estratégicas na costa síria; segundo relatos, Moscou manteve as remessas de petróleo ao país.
Al-Sharaa agradeceu a Rússia por sua “postura firme em rejeitar os ataques e violações reiteradas de Israel à soberania síria”, após o Estado ocupante avançar contra o vizinho árabe desde a queda de Assad, no contexto do genocídio em Gaza.
À imprensa, Lavrov saudou os “colegas sírios por passos voltados a garantir a segurança de cidadãos e instalações russas”.
“Reafirmamos nosso apoio a preservar a união, integridade territorial e independência da República Árabe da Síria; seguimos prontos a fornecer ao povo sírio toda assistência possível na reconstrução pós-guerra”, declarou Lavrov. “Concordamos em seguir com o diálogo sobre todas as questões”.
Sem citar nominalmente Assad, al-Shaibani pediu apoio russo à justiça de transição, ao notar que a Síria estabeleceu um comitê para revisar os acordos com Moscou.
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A Rússia possui uma base naval em Tartous e uma base aérea em Khmeimim, no litoral mediterrâneo — ambas, as únicas posições militares oficiais do país fora dos territórios da antiga União Soviética.
Lavrov concluiu ao convidar al-Sharaa à primeira cúpula Rússia–Liga Árabe, prevista para 15 de outubro.








