clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Sudão insta embaixador dos EUA a reavaliar posição sobre o conflito

28 de agosto de 2023, às 12h49

Embaixador dos EUA ao Sudão, John Godfrey, chega ao palácio presidencial em Cartum para apresentar suas credenciais ao chefe do Conselho Soberano, general Abdel Fattah al-Burhan, em 1° de setembro de 2022 [Conselho Soberano do Sudão/Agência Anadolu]

O Sudão condenou comentários do embaixador dos Estados Unidos ao país, John Godfrey, nos quais afirmou que nenhum lado do atual conflito “está apto a governar”.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Na sexta-feira (25), Godfrey pediu ao exército regular sudanês e seus rivais paramilitares, as Forças de Suporte Rápido (FSR), que deem fim à guerra e entreguem o poder a governantes civis.

“As partes em guerra, que demonstraram que não estão aptas a governar, devem encerrar o conflito e transferir o poder a um governo transicional civil”, reiterou o emissário americano em comunicado.

O Ministério de Relações Exteriores do Sudão, no entanto, pediu retratação de Godfrey, ao reavaliar sua posição sobre o conflito. Segundo a chancelaria, as declarações “contradizem requisitos de cortesia diplomática, profissionalismo e respeito mútuo à soberania”.

LEIA: Emergência humanitária no Sudão tem “proporções épicas”

“Tais comentários refletem a falta de respeito do embaixador americano ao povo sudanês e sua independência”, insistiu a pasta. “O exército está defendendo o país e seu povo de uma milícia criminosa e terrorista”.

“Esperamos do embaixador e de seu governo que retifique essa posição errônea e que o emissário evite falas que contradigam normas e regras diplomáticas, e que não ajudam a superar a crise em nosso país”, acrescentou.

As Forças de Suporte Rápido não comentaram a questão até o momento.

O Sudão é tomado por conflitos desde abril, entre ambas as instituições armadas – até então, aliados no regime militar. Mais de três mil civis foram mortos e milhares ficaram feridos, segundo médicos locais.

Diversos acordos de cessar-fogo mediados por Estados Unidos e Arábia Saudita falharam em conter a violência.

A Organização Internacional para Migração (OIM) estima quatro milhões de deslocados pelo atual conflito.

LEIA: Sudão registra mais de 700 novos deslocamentos forçados infantis por hora