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Unilever vende negócios da Ben & Jerry’s nos assentamentos para apaziguar Israel

Sorvete Ben & Jerry’s em um mercado de Jerusalém ocupada, 20 de julho de 2021 [Ahmad Gharabli/AFP via Getty Images]

Nesta quarta-feira (29), a corporação Unilever confirmou a venda dos empreendimentos da fabricante de sorvetes Ben & Jerry’s em Israel a seu licenciado local, com intuito de atenuar uma potencial crise de marketing e relações públicas. O valor da transação não foi revelado.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Em 2021, a marca americana de sorvetes anunciou a remoção de seus produtos dos territórios palestinos ocupados, após pressão de ativistas, ao alegar que a venda em tais localidades seria “inconsistente” com seus valores.

Israel condenou a medida como “moralmente equivocada” e ameaçou a gigante Unilever de “consequências severas”. Apesar de defender a autonomia da Ben & Jerry’s, a multinacional prometeu a Israel encontrar uma solução favorável até o fim do ano.

Sob o novo arranjo, os sorvetes Ben & Jerry’s continuarão disponíveis aos consumidores de Israel e dos assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada.

O novo proprietário dos negócios da Ben & Jerry’s em Israel é o empresário Avi Zinger, cujas companhias são licenciadas pela Unilever há anos. Zinger processou a sorveteria sediada em Vermont, ao acusá-la de romper um relacionamento de 34 anos.

“O novo arranjo significa que os produtos Ben & Jerry’s serão vendidos sob os seus nomes árabe e hebraico, em todo o território de Israel e Cisjordânia, sob propriedade integral do presente licenciado”, declarou a Unilever em nota.

Ben&Jerry’s congelará vendas de sorvete nos assentamentos da Cisjordânia [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]A Ben & Jerry’s e seu conselho independente preservaram os direitos decisórios sobre sua missão social quando a empresa foi adquirida pela Unilever, no ano 2000. A multinacional, todavia, alegou “responsabilidade primária por decisões financeiras e operacionais”, o que supostamente legitimou o acordo recente.

Israel ocupou a Cisjordânia em 1967 durante a chamada Guerra dos Seis Dias. Os palestinos reivindicam o território para um estado futuro. Os assentamentos israelenses na região são ilegais conforme a lei internacional.

O movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) celebrou a decisão da Ben & Jerry’s de deixar o mercado colonial, ao descrevê-la como “passo crucial para o fim da cumplicidade da marca com a ocupação israelense e suas violações dos direitos palestinos”.

Após o recuo da corporação britânica, os Ministérios de Relações Exteriores e Finanças de Israel agradeceram “a maneira respeitosa e construtiva com que a Unilever trabalhou para solucionar a questão e a posição contundente do conglomerado contra a agenda antissemita [sic] do BDS”.

De sua parte, a Ben & Jerry’s é notória por seu compromisso com a justiça social, incluindo seu recente apoio ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, BLM), aos direitos da comunidade LGBTQ+ e a campanhas por reformas fiscais.

LEIA: Ben and Jerry’s congelará as vendas de sorvete nos assentamentos da Cisjordânia

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