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Visita de bin Salman a Turquia não o absolve de assassinato, reitera noiva de Khashoggi

23 de junho de 2022, às 14h31

Hatice Cengiz, noiva do falecido jornalista saudita Jamal Khashoggi, durante coletiva de imprensa após audiência do caso em Istambul, Turquia, 7 de abril de 2022 [Isa Terli/Agência Anadolu]

Hatice Cengiz, noiva do falecido jornalista Jamal Khashoggi, reafirmou nesta quarta-feira (22) que a legitimidade consagrada ao príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman durante sua turnê ao Oriente Médio, incluindo Turquia, não o absolve de ordenar o assassinato.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Um relatório de inteligência dos Estados Unidos, publicado em 2021, confirmou que bin Salman ratificou a operação para capturar ou executar Khashoggi, em outubro de 2018.

Apesar das evidências, o governo saudita nega envolvimento do príncipe herdeiro e rejeita as descobertas do relatório.

Bin Salman deu início a sua viagem regional na terça-feira (21), ao visitar o Egito e encontrar-se com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan na cidade de Ancara, no dia seguinte.

Trata-se da primeira turnê do príncipe saudita fora do Golfo desde a morte do influente jornalista e opositor, dentro do consulado da monarquia em Istambul.

Cengiz reiterou no Twitter: “Sua visita a nosso país não muda o fato de que é responsável pelo assassinato. A legitimidade política consagrada por sua visita a diferentes países não o absolve de ser um assassino”.

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“A história de Jamal não me pertence mais”, reafirmou Cengiz. “É uma luta por justiça, mas não é somente minha. É uma luta de toda e qualquer pessoa livre e pensante. Nenhuma diplomacia pode legitimar tamanha injustiça”.

Relações entre Turquia e Arábia Saudita esfriaram após um esquadrão da morte executar e esquartejar o jornalista no consulado de Istambul. Na ocasião, Erdogan culpou o “mais alto nível” do governo saudita.

Recentemente, um tribunal turco ordenou a transferência do caso à monarquia. Ancara nega motivações políticas. Semanas após a decisão, no entanto, Erdogan reuniu-se com o príncipe saudita.

Em 2020, a Arábia Saudita emitiu sentenças de sete a vinte anos de prisão contra oito suspeitos pelo assassinato de Khashoggi. A identidade dos réus, não obstante, jamais foi divulgada.