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‘O trabalho de minha vida está destruído’, lamenta artista após explosão em Beirute

O trabalho da vida inteira de Maya Husseini foi destruído pela enorme explosão em Beirute, que devastou a capital libanesa em 4 de agosto de 2020

Maya Husseini, primeira vitralista estabelecida do Líbano, perdeu 30 anos de seu trabalho na explosão de Beirute, que devastou a capital libanesa em 4 de agosto de 2020.

“Não pude encarar os danos. Por quatro ou cinco dias, evitei meu local de trabalho”, relatou Husseini.

Seu telefone está lotado de chamadas e mensagens de pessoas próximas que compartilhavam sua enorme tristeza e fotografias de sua obra, estilhaçada em milhões de pedaços por toda a cidade de Beirute.

Maya Husseini perto de uma escultura em seu ateliê, em Hazmieh, Líbano

Maya Husseini perto de uma escultura em seu ateliê, em Hazmieh, Líbano

Dezenas de peças de Husseini foram reduzidas a escombros e metais distorcidos. O proeminente Museu Sursock de Beirute, por exemplo, que costumava brilhar com os coloridos vitrais da artista libanesa, foi bastante danificado.

A devastação de um edifício em particular foi a que mais doeu em Husseini: a Catedral dos Capuchinhos de São Luís, cujas janelas tomaram dois anos de trabalho da vitralista. Das 39 janelas, apenas três sobreviveram à explosão.

Husseini acredita que algumas das obras não podem ser reparadas ou replicadas conforme os padrões do que costumavam ser, mas guarda esperanças de que a restauração de fragmentos de Beirute seja capaz de trazer alguma cor à cidade.

Husseini é cristã maronita praticante e costumava ir à igreja regularmente durante sua infância e juventude. Como artista, sentiu-se inspirada por seu pai a construir templos e escolas religiosas por todo o Líbano.

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A artista relatou que, no início de sua carreira, enfrentou dificuldades com líderes religiosos, diante da raridade de tratar com uma profissional mulher. Sacerdotes hesitavam em empregá-la, pois vitralistas costumavam ser homens, sob pretexto do esforço físico.

A explosão de agosto devastou bairros inteiros e suas igrejas. Muitas das catedrais presentes no portfólio de Husseini foram destruídas, como a Igreja de São José, em Gemmayze, na qual trabalhou em 1992.

As igrejas de Saint-Antoine de Padoue e Sin el-Fil foram severamente danificadas. Os vitrais coloridos partiram-se em pedaços com a onda de choque.

“Foi aí que desabei”, declarou Husseini.

A vitralista libanesa ocupava-se em restaurar os danos deixados pelos quinze anos de guerra civil no Líbano, entre 1975 e 1990, e tinha esperanças de que fosse este seu último ano de trabalho, aposentada aos 60 anos de idade.

Entretanto, seus planos mudaram. Husseini está determinada a reconstruir Beirute, mais outra vez. “Estou fisicamente exausta, mas não vou me deixar parar. Tenho uma missão. Quero consertar tudo que foi perdido na explosão”.

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