clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Apresentador da Al Jazeera revela ameaças de morte e acusa Arábia Saudita

22 de abril de 2020, às 10h59

Apresentador da rede Al Jazeera Jamal Rayyan [Youtube]

O apresentador da rede Al Jazeera Jamal Rayyan revelou ter recebido diversas ameaças de morte das agências de inteligência da Arábia Saudita, após criticar a monarquia e reivindicar que o Rei Salman bin Abdulaziz peça oficialmente desculpas ao Catar.

Nascido em Tulkarem, Palestina, Rayyan denunciou o caso em sua página do Twitter: “Recebi três ameaças de morte da inteligência saudita no período de uma semana. Ameaçaram atirar contra mim ou matar-me da mesma forma que fizeram com o mártir Jamal Khashoggi, a fim de impedir-me de criticar abusos de direitos humanos e perseguição religiosa contra opositores na Arábia Saudita. Os sauditas aprovam tais ameaças?”

LEIA: Diálogo Arábia-Qatar ára para acabar com disputa no Golfo fracassam, diz agência

https://twitter.com/jamalrayyan/status/1251812393639907328?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1251812393639907328&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.middleeastmonitor.com%2F20200422-al-jazeera-presenter-accuses-saudi-of-threatening-to-kill-him%2F

Ao referir-se ao príncipe herdeiro e governante de fato da monarquia, o jornalista prosseguiu: “O jovem príncipe Mohammed bin Salman, por acaso, sabe que a maioria das crises nas quais o reino está envolvido são causadas pelos EAU e que só podem ser resolvidas em Doha? Se eu fosse ele, manteria a humildade, superaria preconceitos, entraria em meu avião ou carro e iria ao Catar antes que a situação se deteriore.”

https://twitter.com/jamalrayyan/status/1250567887330455554?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1250567887330455554&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.middleeastmonitor.com%2F20200422-al-jazeera-presenter-accuses-saudi-of-threatening-to-kill-him%2F

Rayyan também pediu ao Rei Salman que se desculpe com o Catar. “Ter a humildade de pedir desculpas é uma qualidade de grandes homens. O Rei Abdulaziz certa vez desculpou-se por um erro cometido contra o Catar (e há registros). Agora se reproduz o mesmo cenário, por que não pedir desculpas?”

https://twitter.com/jamalrayyan/status/1251958161235488769?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1251958161235488769&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.middleeastmonitor.com%2F20200422-al-jazeera-presenter-accuses-saudi-of-threatening-to-kill-him%2F

O príncipe saudita Abdulrahman bin Musaad bin Abdulaziz respondeu Rayyan ao acusar o Catar de recrutar jornalistas da Al Jazeera para atacar a Arábia Saudita.

O jornalista saudita radicado nos Estados Unidos Jamal Khashoggi foi morto em 2 de outubro de 2018 dentro do consulado do reino em Istambul, Turquia. Após pressão internacional e sucessivas investigações, a Arábia Saudita admitiu que Khashoggi foi morto em um ataque premeditado.

Dentre os indiciados pela morte de Khashoggi, estão oficiais sauditas de alto escalão como o ex-vice-comandante de inteligência Ahmad Asiri e o ex-assessor real Saud Al-Qahtani.

O Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan afirmou que o assassinato de Khashoggi foi ordenado pelo “mais alto nível” do governo saudita, ao implicar inclusive o próprio príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Bin Salman negou as acusações, mas reconheceu que a execução ocorreu sob sua tutela. Um relatório emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) também concluiu responsabilidade de Bin Salman sobre o assassinato.

Em 2017, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito cortaram relações com o Catar ao acusar Doha de apoiar o terrorismo. O governo catariano negou as acusações. Os quatro países impuseram um bloqueio por ar, mar e terra sobre o pequeno estado do Golfo, mantido desde então.

LEIA: Arábia Saudita lança campanha de intimidação contra apresentadora da Al Jazeera