clear

Criando novas perspectivas desde 2019

YouTube apaga centenas de vídeos de grupos de direitos humanos palestinos, aponta reportagem do The Intercept

6 de novembro de 2025, às 04h13

Nesta foto ilustrativa, o logotipo do YouTube é exibido na tela de um computador. [Didem Mente/ Agência Anadolu]

O YouTube apagou silenciosamente mais de 700 vídeos e desativou as contas de três importantes organizações palestinas de direitos humanos, segundo reportagem do The Intercept publicada na terça-feira, informa a Anadolu.

As contas apagadas pertenciam à Al-Haq, ao Centro Al Mezan para os Direitos Humanos e ao Centro Palestino para os Direitos Humanos, que publicaram extensas filmagens alegando violações do direito internacional por Israel em Gaza e na Cisjordânia ocupada.

O The Intercept afirma que o conteúdo dos vídeos incluía investigações de ataques israelenses, depoimentos de sobreviventes e documentação do assassinato da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh.

As remoções ocorreram no início de outubro, pouco depois de o governo dos EUA impor sanções aos grupos por sua cooperação com o Tribunal Penal Internacional (TPI).

O YouTube confirmou que o encerramento das contas ocorreu após uma revisão desencadeada pelas sanções dos EUA, alegando sua obrigação de cumprir as leis comerciais e de sanções aplicáveis.

Defensores dos direitos humanos e grupos palestinos afirmaram que essa medida visa silenciar as vozes palestinas e remover evidências importantes, ressaltando que as organizações não foram avisadas antes da exclusão de seus canais e que as remoções se concentraram em grupos que denunciavam violações de direitos humanos, em vez de conteúdo extremista.

A África do Sul apresentou uma queixa em dezembro de 2023, acusando Israel de atos genocidas em Gaza. Vários países se juntaram ao processo desde então, incluindo Espanha, Irlanda, Líbia, México, Bélgica e Turquia. O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) emitiu três medidas provisórias, ordenando a Israel que impeça atos genocidas e permita a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Israel matou quase 69.000 pessoas, a maioria mulheres e crianças, e feriu mais de 170.000 em ataques na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.

Um cessar-fogo entre Israel e o Hamas foi alcançado em 10 de outubro, com base em um plano de paz de 20 pontos proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Israel, no entanto, violou a trégua diversas vezes.

LEIA: O império que ignora a história: Porque Israel e os EUA estão perdendo o futuro