Irã após o colapso do acordo nuclear: poder, pressão e o futuro do Oriente Médio

Azmat Ali
1 mês ago

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Uma vista geral da instalação de enriquecimento nuclear de Natanz, vista em 9 de abril de 2007, 290 quilômetros ao sul de Teerã, Irã. [Majid Saeedi/Getty Images]

O Oriente Médio em 2025 permanece preso em um ciclo de tensões renovadas, alianças instáveis ​​e diplomacia estagnada. Dois acontecimentos se destacam: a reimposição de sanções da ONU ao Irã e a intensificação do confronto entre Irã e Israel — ambos remodelando a dinâmica de poder da região.

Em agosto de 2025, Grã-Bretanha, França e Alemanha — os “E3” — acionaram o mecanismo de “retorno instantâneo” do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) de 2015, alegando o fracasso do Irã em cumprir seus compromissos nucleares. Em 28 de setembro de 2025, o Conselho de Segurança da ONU restabeleceu sanções importantes, incluindo um embargo de armas, congelamento de ativos e proibições à transferência de materiais nucleares relevantes.

O Irã rejeitou a decisão por considerá-la “ilegal e politicamente motivada”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baghaei, declarou: “A ameaça de usar o mecanismo de snapback carece de base legal e política e será enfrentada com uma resposta apropriada e proporcional”.

Teerã insiste que seu programa nuclear é pacífico. O Ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, reiterou que a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deve ser recíproca — ou seja, as potências ocidentais devem primeiro interromper suas “ações hostis”, especialmente as sanções.

Em suma, a diplomacia estagnou, o confronto aumentou e nenhum dos lados parece disposto a ceder.

Em junho de 2025, Israel lançou uma série de ataques contra instalações nucleares e de mísseis iranianos. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu o programa iraniano como “uma ameaça à nossa própria existência”, declarando que Israel estava perto de eliminar os perigos duplos dos mísseis iranianos e da capacidade nuclear.

O Irã, por sua vez, denunciou os ataques e prometeu não ceder. Além do confronto direto, Teerã continua a contar com seu extenso “Eixo da Resistência” — uma rede de grupos aliados no Líbano, Palestina, Iêmen e Iraque. Esses representantes permitem que o Irã projete poder e influência em toda a região sem guerra direta. Israel e seus aliados veem esses grupos como uma ameaça existencial e estratégica.

A Rússia e a China se aliaram ao Irã na rejeição da medida de retorno do E3. Em setembro de 2025, Moscou e Pequim declararam a medida “legalmente infundada e processualmente falha”. A Rússia alertou ainda Washington de que qualquer ataque ao Irã desestabilizaria todo o Oriente Médio.

Embora ambas as potências realizem exercícios navais conjuntos com o Irã e mantenham laços energéticos e armamentistas, nenhuma delas interveio militarmente no confronto entre Israel e Irã. Ainda assim, o Irã busca expandir a cooperação — por exemplo, por meio de intercâmbios de tecnologia de defesa com a China e corredores econômicos vinculados à estratégia eurasiana da Rússia.

A União Europeia e os Estados árabes estão tentando abordar a crise regional mais ampla, equilibrando sanções e mediação. O Conselho Europeu pediu um cessar-fogo imediato em Gaza, acesso humanitário e a libertação de reféns, além de apelos para que Israel cumpra o Direito Internacional Humanitário.

Um plano de reconstrução para Gaza liderado pelos árabes, apoiado pelo Egito, Catar e Estados do Golfo, inclui condições como o desarmamento do Hamas e reformas na governança palestina. Esses esforços mostram que a influência regional agora se estende além do confronto militar — em direção à diplomacia humanitária e à política de reconstrução.

Israel mantém clara superioridade militar — em inteligência, ataques de precisão e defesa antimísseis — e Netanyahu considera a recente campanha uma “vitória histórica” ​​sobre a ameaça iraniana.

No entanto, o poder no Oriente Médio não se mede apenas em armas. A resiliência do Irã reside em redes, adaptabilidade e legitimidade ideológica. Apesar das sanções, o Irã continua exportando petróleo — supostamente mais de 1,5 milhão de barris por dia no início de 2025 (Reuters, abril de 2025) — e cultivou uma economia capaz de suportar o isolamento.

Analistas do International Crisis Group e outros alertam que a pressão sustentada sem diplomacia pode fortalecer os linha-dura do Irã em vez de fortalecer os moderados. O paradoxo é claro: Israel domina militarmente, mas não consegue desmantelar facilmente a influência do Irã; o Irã sofre economicamente, mas resiste política e ideologicamente.

A ordem em evolução no Oriente Médio não é moldada apenas pela potência militar mais forte, mas por aqueles que conseguem combinar força com diplomacia, inclusão e visão institucional. O papel da UE em Gaza, os esforços de mediação árabe e as parcerias estratégicas do rãdemonstram que a influência agora reside na adaptabilidade, cooperação e resistência.

As sanções de reversão e os ataques militares revelam os limites da coerção. Uma paz sustentável exigirá mais do que dissuasão — exige contenção, diálogo e instituições compartilhadas.

Em última análise, o futuro do Oriente Médio não pertencerá ao lado que se destacar no campo de batalha, mas àqueles dispostos a construir pontes em vez de bloqueios. O poder, para perdurar, deve evoluir da dominação para a diplomacia.

 

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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