O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ressaltou nesta terça-feira (30) que o mais recente plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para Gaza sitiada, descarta qualquer estabelecimento de um Estado palestino.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Em vídeo, Netanyahu insistiu não ter consentido com um Estado da Palestina, durante o encontro com Trump na Casa Branca, em que capitulou, em rara ocasião, a um pedido de desculpas ao Catar, por seu ataque a Doha de 9 de setembro.
“Uma coisa que dissemos”, alegou, “é que nos opomos fortemente ao Estado palestino”.
O premiê, foragido em 120 países sob mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, descreveu sua quarta visita a Washington, em oito meses, como “histórica” e “excelente”.
“Em vez de o Hamas nos isolar, viramos a mesa e isolamos o Hamas”, pregou Netanyahu, ao ignorar seu discurso ao plenário vazio da Assembleia Geral da ONU na sexta-feira. “O mundo inteiro, incluindo árabes e muçulmanos, pressiona o Hamas a aceitar os termos, para libertar os reféns, vivos e mortos, enquanto nossas forças seguirão na maior parte da faixa [de Gaza]”.
O fórum da ONU foi marcado por uma onda de reconhecimento ocidental da Palestina, na tentativa de preservar a chamada solução de dois Estados. Parceiros históricos de Israel, como Reino Unido, França e Canadá, assentiram à medida.
Netanyahu, no entanto, persistiu em ameaças: “O presidente Trump confirmou que, caso o Hamas recuse, dará pleno apoio para concluirmos a missão e eliminá-los”.
O Catar confirmou receber uma proposta de 20 passos nesta segunda, incluindo troca de prisioneiros, total desarmamento do Hamas, retirada gradual das forças israelenses em Gaza e formação de um comitê tecnocrata para governar o território.
Ceticismo, no entanto, permanece em alta, dada a última manobra israelo-americana na tentativa de instaurar o ex-premiê britânico Tony Blair como gestor provisório de Gaza, em medida rechaçada como consolidação de um novo mandato colonial.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 66 mil mortos, 168 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob cerco, destruição e fome. Entre as fatalidades, cerca de 20 mil são crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão a Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.
Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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