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‘Incidente infeliz’: Casa Branca busca minimizar ataque de Israel a Doha

10 de setembro de 2025, às 15h32

Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, durante coletiva de imprensa em Washington, em 9 de setembro de 2025 [Saul Loeb/AFP via Getty Images]

A Casa Branca sumarizou a agressão israelense a Doha, capital do Catar, nesta terça-feira (9), como “incidente infeliz”, ao alegar que o presidente americano Donald Trump divergiu da “localidade” do ataque, em comunicação posterior com o primeiro-ministro de Israel e foragido internacional, Benjamin Netanyahu.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Nesta manhã, nosso exército notificou a gestão Trump de que Israel estaria conduzindo um ataque ao Hamas [sic], infelizmente, situado em uma parte de Doha”, reiterou a porta-voz Karoline Leavitt a jornalistas. “Bombardear unilateralmente o Catar, nação soberana e aliado próximo dos Estados Unidos, que trabalha duro e assume riscos para mediar a paz, não avança os interesses de Washington ou Tel Aviv”.

Leavitt insistiu que eliminar o movimento palestino permanece “um objetivo digno”, mas notou que Trump considera o Catar como “forte amigo e aliado” e sente “ser muito ruim” realizar um ataque no território do país.

A assessora observou que Trump instruiu o enviado especial Steven Witkoff a informar as autoridades cataris antes e depois do ataque, ao prometer não-reincidência. O Ministério de Relações Exteriores em Doha, no entanto, negou alerta prévio.

Minutos depois do ataque, oficiais americanos na região igualmente refutaram ciência da operação à rede Al Jazeera.

O exército de Israel admitiu o que descreveu como “ataque preciso contra a liderança do Hamas” — contudo, sem baixas consideráveis até o momento.

O Catar condenou veementemente a escalada israelense como “violação flagrante da lei internacional”, bem como ameaça à soberania e segurança do país.

O Estado do Golfo, junto de Egito e Estados Unidos, é mediador de esforços sucessivos de cessar-fogo e troca de prisioneiros entre Israel e Hamas, entretanto, sem aquiescência da gestão Netanyahu, acusada de prorrogar e expandir o conflito em causa própria.

A escalada ocorre no contexto ao genocídio em Gaza — que se aproxima de seu segundo aniversário —, bem como avanços coloniais na Cisjordânia e bombardeios israelenses a Líbano, Iêmen, Síria e, mais recentemente, Irã.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 63 mil mortos e dois milhões de desabrigados;

Em março, o exército da ocupação rescindiu unilateralmente um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros com o Hamas firmado em janeiro, ao retomar ataques intensivos e impor bloqueio total ao enclave, incluindo catástrofe de fome.

Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024. Entidades públicas e privadas podem ser implicadas como cúmplices ao longo do processo.