Organizações de diversas partes do mundo ouviram os pedidos de ajuda de diversos palestinos, como da cineasta palestina Bisan Owda, por uma ação global pelo fim do genocídio na Faixa de Gaza, e decidiram fazer todas as quinta-feira o que está sendo chamado de “Greve econômica global”. A ideia é deixar de comprar e consumir, nesse dia da semana, tudo que for possível e fazer o mesmo todas as quintas-feiras para concentrar os esforços contra Israel, governos e empresas que apoiam a guerra.
Entre as ações sugeridas estão: não fazer compras de qualquer tipo, inclusive reprogramar pagamentos ou assinaturas automáticas para deixar de serem debitadas às quintas-feiras; limitar ou evitar o transporte público: quando for possível optar por carona, bicicleta ou caminhada, ou comprar bilhetes com antecedência, caso precise usar o transporte público.
As organizações em Portugal avisam que a paralisação não inclui o trabalho. “Muitos de nós vivemos de ordenado a ordenado, e nem todos podem arriscar-se a perder o emprego recusando-se a trabalhar”. Mas, sempre que for possível, orientam optar pelas quintas-feiras para tirar férias ou licenças.
Bisan Owda, e dezenas de outros perfis solidários, temem pelo que virá nos próximos dias, com a nova ofensiva do exército israelense, após o anúncio do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de ocupar as áreas de Gaza ao norte, para executar integrantes do Hamas e resgatar os reféns, sob a falsa alegação de que o mesmo não quer mais negociar. O grupo palestino declarou publicamente, na segunda (18), inclusive, que aceita a proposta de cessar-fogo apresentada por Egito e Catar.
Já Israel reafirmou na manhã desta quarta (20), a intensão de tomar a Cidade de Gaza e que para isso irá convocará milhares de militares da reserva, que deverão se apresentar até setembro.
“Este é um apelo aberto à ação. Para colocar todos os seus esforços nestes dias, nesta semana e, no máximo, na próxima semana. Amanhã é tarde. Hoje já é tarde. É preciso agir agora”, exclamou Bisan em um video divulgado sábado (16/8).
Segundo ela, “a cidade de Gaza é a última que ainda está de pé”. E caso se concretize a ocupação da cidade de Gaza, será equivalente a uma nova Nakba, quando milhares de refugiados palestinos foram expulsos da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, na década de 1970. “Permitir isso é permitir que outra Nakba aconteça e centenas de massacres aconteçam para dois milhões de pessoas, em 40 quilômetros quadrados. Não é apenas o colapso de Gaza, é o colapso de tudo, do vosso mundo e do nosso mundo”, alerta.
“Não é como tomar as áreas do norte da Faixa de Gaza. Não é como privar os palestinos das áreas do leste da Faixa de Gaza há dois anos. É diferente. A cidade de Gaza é a última cidade de pé, a parte da cidade que ainda está de pé em toda a Faixa de Gaza. Este é um apelo aberto à ação [global]”.
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Para se juntar ao movimento, também são sugeridas ações como: protestos em embaixadas de Israel, avenidas principais, entradas e saídas das cidades, portos comerciais, bairros financeiros, complexos industriais, fábricas, bancos e filiais de empresas sionistas ligadas ao genocídio, praças públicas, canais de comunicação, sedes de partidos políticos, shoppings onde haja lojas ligadas ao genocídio, como Mac Donald, Starbucks, KFC.
No domingo passado (17/8), mais de 200 mil israelenses realizaram protestos em Tel Aviv, em locais onde se concentram as mobilizações pela libertação dos reféns. O governo usou forças policiais para reprimir o protesto, também chamado de greve geral.
Diversas manifestações estão ocorrendo em todo o mundo, como França, Alemanha e Estados Unidos, em dias e horários alternados. A ideia da nova ação é concentrar os esforços em um dia da semana para ampliar o impacto.
“Nós estamos ouvindo o chamado de Bisan. É hora de amplificar os protestos em escala global. Enquanto os governos se recusam a ouvir, nós, coletivos em todo mundo, devemos ir direto onde mais fere: suas economias. Estamos fazendo esse chamado global para chacoalhar as economias em todo mundo”, diz uma postagem do Global Anti-Apartheid.
No Brasil, a iniciativa estã sendo convocada pela Frente Palestina SP.
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![Bisan Owda, ativista e criadora de conteúdo de Gaza. [Arquivo pessoal de Bisan Owda via ONU Mulher-Palestina]](https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/08/bisan_owda.jpeg.avif)