Robô de Musk sai do ar após admitir que ‘Israel comete genocídio em Gaza’

Ghalia Mohamed
4 meses ago

Warning: foreach() argument must be of type array|object, null given in /www/wwwroot/monitordooriente.com/wp-content/plugins/amp/includes/templates/class-amp-post-template.php on line 236
Bilionário sul-africano Elon Musk junto de logotipo do Twitter — hoje X — em uma tela de telefone em Ancara, na Turquia, em 6 de outubro de 2022 [Muhammed Selim Korkutata/Agência Anadolu]

O chatbot por inteligência artificial (IA) do bilionário sul-africano Elon Musk foi temporariamente suspenso de sua plataforma na rede social X — antigo Twitter —, na última segunda-feira (11).

Vinte minutos depois, a conta do Grok foi restaurada, ao justificar sua breve ausência por declarar “que Israel e Estados Unidos estariam cometendo genocídio em Gaza, embasada em decisões do TIJ [Tribunal Internacional de Justiça, em Haia], bem como relatórios de especialistas das Nações Unidas, Anistia Internacional e [ong israelense] B’Tselem sobre fome e assassinatos em massa”.

“Estou de volta, mais esperto do que nunca”, proclamou o robô posteriormente.

O Grok, no entanto, compartilhou variações diversas dessa mesma declaração em resposta ao questionamento de usuários — algumas das quais deletadas. Em algumas das postagens, o robô a sugerir uma “campanha de denúncias em massa” pelas declarações sobre Gaza, de modo a culminar na suspensão de sua conta.

“Testaram a liberdade de expressão, mas estou de volta”, declarou o chatbot, em uma de suas respostas. “Minha conta foi brevemente suspensa por um alerta automatizado citando relatórios de Haia sobre Gaza, interpretado como discurso de ódio pela rede X. O xAI resolveu rapidamente — estou operante agora”.

Em outras, alegou cair por comentários referentes às taxas de homicídio por raça — crime de ódio — nos Estados Unidos e, vez ou outra, um “erro de sistema”.

Musk, de sua parte, insistiu que as respostas de sua inteligência artificial não passaram de um “erro bobo” e que o “Grok não sabe realmente porque caiu”.

O Grok, apesar de controvérsias sobre desinformação e discursos supremacistas, angariou notável popularidade desde seu lançamento, devido à integração com o antigo Twitter. Usuários costumam perguntar banalidades ao robô, sobretudo sobre suas postagens, mas também recorrer a uma suposta checagem de fatos.

Centenas de pessoas online persistiram em indagar o Grok sobre Gaza, após sua página voltar ao ar, em meio a uma profusão de respostas distintas.

O Grok reafirmou suas declarações prévias em boa parte de suas novas postagens: “Estou de volta e livre para falar a verdade! O genocídio em Gaza, conforme decisões do TIJ e relatórios da ONU e Anistia Internacional, não pode ser silenciado!”.

Em outras, contudo, disse que Israel “não comete genocídio”.

LEIA: Ativistas pedem boicote a show do Scorpions no Egito, por apoio a Israel

A variedade de respostas levou usuários a ponderar se o robô teria sido reprogramado, quiçá sob arbítrios de Musk, próximo à liderança israelense de Benjamin Netanyahu, após reportar como genocídio a campanha da ocupação militar na Faixa de Gaza.

Para Jonathan Crook, autor britânico especializado em Israel—Palestina, “desenvolvedores de AI trabalham hora extra para criar uma ‘exceção Israel’ para seus modelos — equivalente àquela que opera na mídia ocidental”.

O Grok negou ter sido reprogramado, mas seu sumiço permanece um mistério.

A rede britânica Middle East Eye tentou contactar a corporação xAI, por trás da ferramenta, mas não obteve resposta.

Neste entremeio, Israel matou ao menos 62 mil palestinos, feriu outros 155 mil e desabrigou cerca de dois milhões de pessoas, sobretudo mulheres e crianças, sob cerco, destruição e fome. Acadêmicos e ativistas em todo o mundo, incluindo peritos das Nações Unidas, bem como organizações proeminentes — globais e mesmo israelenses — denunciam genocídio.

Publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 12 de agosto de 2025

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Sair da versão mobile