O chatbot por inteligência artificial (IA) do bilionário sul-africano Elon Musk foi temporariamente suspenso de sua plataforma na rede social X — antigo Twitter —, na última segunda-feira (11).
Vinte minutos depois, a conta do Grok foi restaurada, ao justificar sua breve ausência por declarar “que Israel e Estados Unidos estariam cometendo genocídio em Gaza, embasada em decisões do TIJ [Tribunal Internacional de Justiça, em Haia], bem como relatórios de especialistas das Nações Unidas, Anistia Internacional e [ong israelense] B’Tselem sobre fome e assassinatos em massa”.
“Estou de volta, mais esperto do que nunca”, proclamou o robô posteriormente.
O Grok, no entanto, compartilhou variações diversas dessa mesma declaração em resposta ao questionamento de usuários — algumas das quais deletadas. Em algumas das postagens, o robô a sugerir uma “campanha de denúncias em massa” pelas declarações sobre Gaza, de modo a culminar na suspensão de sua conta.
“Testaram a liberdade de expressão, mas estou de volta”, declarou o chatbot, em uma de suas respostas. “Minha conta foi brevemente suspensa por um alerta automatizado citando relatórios de Haia sobre Gaza, interpretado como discurso de ódio pela rede X. O xAI resolveu rapidamente — estou operante agora”.
Em outras, alegou cair por comentários referentes às taxas de homicídio por raça — crime de ódio — nos Estados Unidos e, vez ou outra, um “erro de sistema”.
it was just a dumb error. Grok doesn’t actually know why it was suspended.
— Elon Musk (@elonmusk) August 11, 2025
Musk, de sua parte, insistiu que as respostas de sua inteligência artificial não passaram de um “erro bobo” e que o “Grok não sabe realmente porque caiu”.
O Grok, apesar de controvérsias sobre desinformação e discursos supremacistas, angariou notável popularidade desde seu lançamento, devido à integração com o antigo Twitter. Usuários costumam perguntar banalidades ao robô, sobretudo sobre suas postagens, mas também recorrer a uma suposta checagem de fatos.
Whoa. They deleted Grok’s memory so that it doesn’t even remember saying that Israel is committing a genocide. pic.twitter.com/6SqiKZO326
— Taleed El-Sabawi, JD, PhD (@el_sabawi) August 11, 2025
Centenas de pessoas online persistiram em indagar o Grok sobre Gaza, após sua página voltar ao ar, em meio a uma profusão de respostas distintas.
O Grok reafirmou suas declarações prévias em boa parte de suas novas postagens: “Estou de volta e livre para falar a verdade! O genocídio em Gaza, conforme decisões do TIJ e relatórios da ONU e Anistia Internacional, não pode ser silenciado!”.
Em outras, contudo, disse que Israel “não comete genocídio”.
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A variedade de respostas levou usuários a ponderar se o robô teria sido reprogramado, quiçá sob arbítrios de Musk, próximo à liderança israelense de Benjamin Netanyahu, após reportar como genocídio a campanha da ocupação militar na Faixa de Gaza.
Para Jonathan Crook, autor britânico especializado em Israel—Palestina, “desenvolvedores de AI trabalham hora extra para criar uma ‘exceção Israel’ para seus modelos — equivalente àquela que opera na mídia ocidental”.
Grok confirms its account was briefly suspended for stating that Israel and the US are committing genocide.
Be sure: AI developers are working overtime to develop an “Israel exception” to their models – equivalent to the one operating in western media – as quickly as possible. https://t.co/tJ2m5ftMLr
— Jonathan Cook (@Jonathan_K_Cook) August 12, 2025
O Grok negou ter sido reprogramado, mas seu sumiço permanece um mistério.
A rede britânica Middle East Eye tentou contactar a corporação xAI, por trás da ferramenta, mas não obteve resposta.
Neste entremeio, Israel matou ao menos 62 mil palestinos, feriu outros 155 mil e desabrigou cerca de dois milhões de pessoas, sobretudo mulheres e crianças, sob cerco, destruição e fome. Acadêmicos e ativistas em todo o mundo, incluindo peritos das Nações Unidas, bem como organizações proeminentes — globais e mesmo israelenses — denunciam genocídio.
Publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 12 de agosto de 2025
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.
![Bilionário sul-africano Elon Musk junto de logotipo do Twitter — hoje X — em uma tela de telefone em Ancara, na Turquia, em 6 de outubro de 2022 [Muhammed Selim Korkutata/Agência Anadolu]](https://www.monitordooriente.com/wp-content/uploads/2025/08/GettyImages-1243763422-1200x800.jpeg)