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Austrália deve reconhecer Palestina em setembro, afirma premiê

11 de agosto de 2025, às 15h24

Primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, em Canberra, 26 de junho de 2024 [Rohan Thomson/Bloomberg via Getty Images]

A Austrália deve reconhecer formalmente um Estado independente da Palestina durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro, junto de outros países, afirmou nesta segunda-feira (11) o premiê australiano Anthony Albanese.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Albanese, ao lado de sua ministra de Relações Exteriores, Penny Wong, disse a repórteres que a Autoridade Palestina (AP) se comprometeu com capitulações, como desarmar-se, reconhecer Israel e excluir o partido Hamas da governança nacional.

O Ministério de Relações Exteriores da AP saudou o anúncio como “histórico e corajoso”.

“Consideramos que essa declaração está de acordo com a lei internacional e resoluções das Nações Unidas, bem como esforço para alcançar a paz via solução de dois Estados”, declarou a chancelaria em nota.

A França inaugurou no último mês uma onda ocidental de promessas de reconhecimento do Estado palestino durante a próxima Assembleia Geral, em Nova York, em setembro. O Reino Unido prometeu seguir a deixa, caso Israel não aceite um cessar-fogo.

Neste entremeio, no entanto, Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza, com 61.500 mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome.

Albanese, por sua vez, pediu soltura dos prisioneiros de guerra israelense ainda em Gaza, bem como cessar-fogo imediato, ao insistir que “a matança tem de parar”.

“Penso que os australianos querem um fim neste conflito, que já corre há tempo demais”, argumentou o premiê. “E isso só se pode ter se israelenses e palestinos puderem viver em paz e segurança”.

Questionado se o gesto é simbólico e se o governo espera um veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança, Albanese insistiu que seu anúncio é parte de “uma contribuição prática para construir impulso”.

O primeiro-ministro australiano disse ter comunicado Netanyahu, incluindo ao adverti-lo das mobilizações da comunidade internacional por dois Estados e de que a situação em Gaza excedeu “nossos piores medos”.

“O governo Netanyahu está rapidamente expandindo os assentamentos ilegais”, admitiu Albanese. “A violência de colonos na Cisjordânia está crescendo. Há ameaças de anexar os territórios palestinos ocupados e deslocar permanentemente à força o povo palestino. As ações, junto com a catástrofe humanitária em Gaza, arriscam distanciar a solução de dois Estados de toda uma geração”.

O premiê observou ainda que a questão foi discutida também com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, “como cortesia diplomática”. Washington alegou tratar de temas como Ásia–Pacífico, Oriente Médio e “antissemitismo”.

A Austrália se junta a uma arena internacional entre movimentos de lobby sionistas e atos populares pró-Palestina. Em julho, no âmbito de contenda, uma corte federal determinou que críticas a Israel, “embora polêmicas, não são, por natureza, embasadas na identidade étnica ou racial judaica”.

Israel respondeu às intenções australianas de reconhecer a Palestina com sua contumaz agressividade, ao caracterizá-la como uma “vergonha” da comunidade internacional. Tel Aviv ecoou ameaças de que a ação “não trará a paz”.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.