Como a indústria cultural dos EUA manufaturou seu silêncio sobre Gaza

4 meses ago

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Liberdade de expressão já foi tudo para a indústria de arte e entretenimento dos Estados Unidos.

Contudo, desde que Israel declarou guerra a Gaza, artistas, atores e outros profissionais passaram a relatar, com frequência, um esforço coordenado de executivos do setor para silenciar a solidariedade aos palestinos sitiados.

Dezenas de trabalhadores em todos os níveis do mundo artístico — de atores e dançarinos a carpinteiros, cenógrafos, animadores, compositores e roteiristas — relataram punições ao Middle East Eye por se manifestarem sobre o genocídio em Gaza, com mais de 60 mil mortos desde outubro de 2023.

A tese de que o mundo do entretenimento, incluindo Hollywood, virou as costas para a liberdade de expressão e o apoio aos povos oprimidos ficou evidente no início deste ano, quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se recusou a condenar o ataque de colonos a Hamdan Ballal, cineasta palestino vencedor do Oscar.

Em fevereiro, soldados israelenses na Cisjordânia detiveram e agrediram Ballal, codiretor do documentário premiado No Other Land. Seu colega Basel Adra sugeriu que o ataque seria “vingança por ter feito o filme”.

Apesar de ter premiado Ballal semanas antes com um Oscar de Melhor Documentário, a Academia se limitou a divulgar uma nota fria sobre “relatos de violência”, ao condenar “esse tipo de agressão em qualquer parte do mundo”.

Poucas semanas depois, surgiram relatos de que executivos de grandes estúdios tentaram calar Rachel Zegler — estrela de Branca de Neve — por um tuíte de agosto de 2024 em que escreveu: “e nunca esqueçam: Palestina livre”. Sua recusa em apagar a declaração teria enfurecido produtores do filme, que lançaram uma campanha pública contra a atriz, culpando-a pelo fracasso nas bilheterias.

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Os casos de Ballal e Zegler são exemplos recentes de como os poderosos do entretenimento norte-americano colaboram com os senhores da guerra em Israel para impor um silêncio sobre o que vários países, organizações de direitos humanos e especialistas classificam há quase dois anos como genocídio.

A facilidade com que se criou um clima de medo e repressão em uma indústria supostamente dedicada à livre expressão revela que, por natureza, o setor artístico é tão eficaz em suprimir quanto em fomentar criatividade.

Dos profissionais entrevistados pelo Middle East Eye, alguns trabalharam em franquias de filmes de super-heróis e terror, enquanto outros participaram de produções das gigantes HBO, Prime e Fox. Nenhum, porém, é estrela de primeira grandeza — cuja demissão ou boicote viraria manchete.

A falta de reconhecimento público os torna vulneráveis a represálias nos bastidores, que se tornaram corriqueiras desde outubro de 2023.

Todos se mobilizaram em apoio à Palestina no último ano, mas quase todos falaram sob anonimato, com medo de retaliações de patrões, sindicatos, colegas e personalidades sionistas influentes no meio.

O temor de represálias é o combustível desse silêncio manufaturado — um medo alimentado por incontáveis casos de boicotes, demissões, exposição pública, assédio e intimidação contra vozes antigenocídio no campo das artes.

Repressão do topo

A repressão a vozes pró-Palestina nas artes começa no topo da hierarquia corporativa, reportam os trabalhadores.

Após décadas de consolidação do novo mercado, a produção de cinema e televisão está dominada por um pequeno grupo de conglomerados oligárquicos — como Amazon, Disney e Netflix. Na Broadway, 31 dos 41 teatros são administrados por três empresas familiares. Outros centros culturais importantes, como o Lincoln Center de Nova York, são geridos como organizações sem fins lucrativos, mas contam com conselheiros e doadores pró-Israel, como Mike Bloomberg e Bill Ackman.

Em todas as áreas artísticas, um punhado de executivos e filantropos exerce poder quase absoluto — usado para excluir artistas críticos a Israel, seja por meio de escolhas de programação, seja por vigilância, assédio e intimidação.

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Poucos dias após as ações transfronteiriças de 7 de outubro, no sul de Israel, mais de 700 executivos e celebridades do entretenimento assinaram uma carta aberta reivindicando que os trabalhadores do setor “condenassem veementemente o Hamas … enquanto Israel toma as medidas necessárias para defender seus cidadãos”.

Entre os signatários estavam líderes da Warner Records, Electronic Arts, Disney, Atlantic Records, Paramount Pictures e National Geographic.

Em novembro, um caso emblemático de retaliação corporativa lançou moda: a atriz Melissa Barrera foi demitida do próximo filme da franquia Pânico por postagens nas redes sociais criticando os abusos da ofensiva israelense na Faixa de Gaza. A mensagem era clara: artistas que ousem falar não voltarão a trabalhar.

A partir de meados de 2024, executivos e subordinados cumpriram a promessa, monitorando trabalhadores do setor e punindo rapidamente quem quer que criticasse Israel, notaram os entrevistados.

Artistas de cinema e televisão denunciaram uma “cultura de caça às bruxas”, com demissões e doxing — ou exposição pública online. Um roteirista notou que vazamentos de uma assessoria de Hollywood orientavam funcionários a “checar redes sociais” em busca de postagens pró-Palestina antes de contratar alguém.

A tática lembra a política do governo de Donald Trump de negar ou cancelar vistos —sobretudo de estudantes — por manifestações pró-Palestina.

No mundo da dança, uma profissional da Costa Leste afirmou: “Há uma lista de personas non gratas circulando entre certas figuras, bem como um documento para execução de doxing”. Um ator ressaltou que as empresas conduzem “esforços conjuntos” para que agências de representação dispensem os artistas: “Um caso famoso: uma equipe de relações públicas mandou um e-mail pedindo para demitirem clientes que criticassem Israel”.

Quem executa as ordens?

Equipes de relações públicas e agências de talentos fazem parte da camada intermediária de gestão que frequentemente recebe a tarefa direta de vigiar e silenciar artistas que se manifestam contra o genocídio de Israel em Gaza.

Essa camada intermediária inclui agências de elenco e de relações públicas, bem como empresários e agentes cuja função é, ostensivamente, representar e defender os trabalhadores das artes enquanto constroem suas carreiras. Para atores e roteiristas, esses profissionais são fundamentais para seu ganha-pão, mesmo para obter entrevistas e testes necessários para concorrer a um emprego.

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Vários atores reportaram instruções de empresários e agentes para que não se manifestassem contra a guerra. Muitos disseram perder sua representação desde que começaram a falar sobre o assunto, sobretudo nas redes sociais, em apoio à Palestina.

Um compositor de cinema e teatro reiterou ter sido abandonado por sua agência de talentos pouco depois de começar a postar sobre a Palestina.

Amin El Gamal, presidente do comitê do Oriente Médio e Norte da África da SAG-AFTRA — maior sindicato de atores de cinema, televisão e rádio nos Estados Unidos — notou que o que torna esse nível intermediário de repressão particularmente eficaz é que é “impossível de provar”.

El Gamal — que conseguiu papéis em grandes emissoras, como HBO, Showtime e Fox; membro do grupo de solidariedade Entertainment Labor for Palestine (EL4P) — elucidou: “Eles não dizem [que te dispensaram] por causa da Palestina. Dão outras desculpas [como] ‘já somos mais um bom match’’.

Como ressaltou outro membro da SAG-AFTRA: “Se estou me expressando e perco meu agente, ninguém precisa me dizer que é porque eu decidi me expressar”.

Colin Buckingham, ator radicado em Nova York, que trabalha especialmente em teatro e televisão, perdeu sua representação pelo que seu empresário descreveu como “natureza sensível” de suas postagens nas redes sociais.

Esse tipo vago de repressão, em que os trabalhadores são pouco a pouco excluídos da indústria, aponta para vulnerabilidades específicas que os artistas enfrentam.

Dançarinos ativos no grupo de solidariedade Dancers for Palestine (D4P) explicaram que, em sua corte, como no cinema e na televisão, “Ninguém precisa te demitir — você pode simplesmente nunca mais ser contratado por razões não ditas. Há casos em que não se consegue um emprego e nem é possível saber se houve boicote”.

Um ator e organizador do grupo sindical SAG-AFTRA Members for Ceasefire caracterizou um sentimento similar de medo, mesmo para artistas que atingem o sucesso na indústria: “Você pode ganhar um Oscar e nunca mais trabalhar. Você pode ter sua carreira tirada de você em um piscar de olhos”. 

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Até a publicação deste artigo, o SAG-AFTRA não respondeu às perguntas do Middle East Eye sobre os abusos conduzidos contra a categoria.

Sindicatos que desmobilizam

Dada a precariedade geral da indústria, seria de esperar que os trabalhadores do cinema e televisão — dois dos setores mais sindicalizados do mundo artístico — recorressem às lideranças sindicais para se protegerem de retaliações, especialmente após as enormes demonstrações durante as greves de atores e roteiristas de 2023.

No entanto, os sindicatos do entretenimento tendem a operar como parceiros do patronato da indústria, mesmo quando essa gestão está empenhada em suprimir vozes dissidentes. Como resultado, nas palavras de um membro da SAG: “Não houve qualquer proteção por parte do sindicato … nem mesmo quando seus próprios membros enfrentam retaliações profissionais”.

Pelos relatos dos trabalhadores, as lideranças sindicais frequentemente atuam como parceiros no esforço de calar artistas pró-Palestina. 

Isso não significa, porém, que os sindicatos tenham se mantido em absoluto silêncio. Nos dias seguintes a 7 de outubro, as lideranças sindicais do entretenimento se apressaram a emitir declarações de apoio a Israel. Um ano depois, sua solidariedade não se estendeu aos palestinos — nem mesmo a membros que se opuseram à devastadora guerra travada contra a população civil da Faixa de Gaza.

El Gamal expressou decepção com a intransigência dos líderes sindicais. Relembrou, em contrapartida, o entusiasmo das greves gerais, quando pareciam estar “na vanguarda de um movimento de solidariedade contra o poder das grandes techs e a automação da indústria”.

Um roteirista de TV e membro do Writers Guild lembrou da “alegria” e de uma sensação de “família” vivida durante os piquetes, mas admitiu que, após 7 de outubro, “tudo isso foi por água abaixo”.

Outro membro da SAG corroborou o sentimento: “A solidariedade [dentro dos sindicatos de Hollywood] simplesmente se esvaiu.”

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“Estamos numa greve da indústria de games agora, mas não tenho interesse algum em ir para os piquetes”, acrescentou. “Não vou furar a greve, mas honestamente não poderia me importar menos. [Os líderes] ignoraram os membros mais vulneráveis do sindicato. Minamos totalmente a solidariedade construída em nossa greve histórica”.

Dessa forma, o silenciamento das vozes pró-Palestina acabar por cumprir uma função dupla para os executivos dos grandes estúdios: reprimir os eventuais críticos da ocupação israelense e enfraquecer o movimento sindical como um todo.

Em alguns casos, lideranças sindicais não somente se recusaram a apoiar a Palestina ou a se posicionar contra o genocídio, como suprimiram ativamente membros pró-Palestina dentro de suas próprias instituições.

Um membro da IATSE — sindicato que representa trabalhadores dos bastidores, como figurinistas a animadores — confirmou ter enfrentado “repressão, bullying, desinformação e abuso de poder” por parte de líderes eleitos, após tentar levar uma moção pró-Palestina a uma assembleia.

Conforme seu relato, membros pró-Israel teriam recebido acesso à lista de e-mails do sindicato para disseminar desinformação sobre o genocídio na Palestina, além de conteúdo islamofóbico extremo.

Membros da IATSE denunciaram ainda que as lideranças usaram canais de comunicação internos para “disseminar táticas de medo”, ao sugerir que uma postura eventualmente antiguerra “poderia prejudicar a empregabilidade de todos”.

O Middle East Eye contactou a IATSE, mas tampouco obteve resposta.

Complô imperialista

Vários membros destacaram com notável amargura que, embora a presidente da SAG, Fran Drescher, tenha sido uma voz eloquente em defesa dos sindicatos durante as greves, carrega um histórico de arrecadar fundos para o exército israelense.

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Sindicatos de Hollywood há muito apoiam a opressão dos palestinos. Sindicatos dos Estados Unidos em geral se mantêm alinhados a Israel desde os primórdios da ocupação, com a Declaração Balfour, em 1917. Este fato é consonante ao apoio que a AFL-CIO —maior federação de sindicatos dos Estados Unidos — sempre demonstrou ao imperialismo americano, em larga escala, desde a guerra do Vietnã até o golpe apoiado pela CIA no Chile.

Durante a Guerra Fria, um sindicalismo imperialista americano caminhou conjuntamente ao sionismo trabalhista israelense e um movimento de trabalhadores pró-apartheid na África do Sul — organizado sob o slogan: “Unam-se e lutem por uma África branca”.

Nesse contexto, a recusa das lideranças sindicais das indústrias de arte e entretenimento em demonstrar qualquer solidariedade à Palestina não é uma falha conjectural, mas expressão de uma tradição longínqua do trabalhismo americano —sob a qual o conceito de solidariedade frequentemente se entrelaça com uma crença poderosa no projeto colonialista de assentamento.

O resultado, como argumentou um membro da SAG, é uma versão “abjeta” do sindicalismo, que “se define por racismo, sustentando, de fato, a história do racismo antipalestino, anti-islâmico e antiárabe propagado por nossa indústria”.

Além dessa tradição de sindicalismo imperialista e “América em primeiro lugar”, prevalece uma prática específica de Hollywood: sindicatos colaborando com patrões e o governo para suprimir vozes anti-imperialistas.

Ronald Reagan, por exemplo, começou sua carreira política como presidente da SAG na década de 1940. O futuro presidente ultraconservador explorou seu cargo como liderança sindical eleita para perseguir artistas supostamente associados ao comunismo e a qualquer política dita radical, ao atuar como informante do FBI e delatar nomes em comitês congressuais sobre atividades “subversivas”.

Em todos os níveis — dos CEOs no topo até os líderes sindicais que deveriam representar os trabalhadores —, o mercado de arte e entretenimento vai da promoção de sitcons à perseguição de dissidentes sem sequer alterar sua ordem do dia.

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A supressão das vozes pró-Palestina no setor — embora sem precedentes, em intensidade, no contexto atual — é, nas palavras de um roteirista sindicalizado, “uma ferramenta de propaganda do imperialismo, para além do sionismo”.

Onda de solidariedade

Apesar de tudo isso, e apesar dos esforços em todos os níveis da indústria para impor silêncio sobre o genocídio conduzido por Israel em Gaza, todos os trabalhadores entrevistados pelo Middle East Eye continuam mobilizados em apoio à Palestina — seja dentro de seus sindicatos, seja junto a outros artistas.

Desde o início do ano, trabalhadores do teatro se organizam através do Theater Workers for Ceasefire (TW4C), em apoio à Campanha Palestina pelo Boicote Cultural e Acadêmico a Israel (PACBI), o braço cultural do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Frutos começaram a surgir: vinte e sete teatros e organizações teatrais dos Estados Unidos endossaram a PACBI, ao a boicotarem instituições cúmplices do genocídio e do apartheid israelenses. A onda de adesões no teatro americano é inédita em duas décadas de BDS, embora um organizador do TW4C ressalve que, apesar do “momento favorável”, ainda há o obstáculo de conselheiros e doadores pró-Israel — alheios ao trabalho artístico real, mas capazes de “manter teatros reféns”.

Organizadores do Dancers for Palestine (D4P) enfrentam desafios similares. Em resposta, realizam protestos nas ruas para expor como Israel usa a arte — especialmente a dança — para artwash. No final de setembro, o D4P protestou em frente ao tradicional 92Y de Nova York, que recebia a companhia Batsheva — que atua, há décadas, como “embaixadora cultural” de Israel.

Um membro do D4P explicou que o sionismo tem raízes profundas no mundo da dança, remontando à Guerra Fria, quando os Estados Unidos usavam grupos de dança moderna em tours de propaganda, incluindo turnês em Israel. Foi assim que a coreógrafa Martha Graham ajudou a fundar a Batsheva, hoje considerada um dos “principais produtos de exportação cultural” do regime colonial israelense.

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Por essa razão, o D4P insiste em marcar presença em eventos que buscam normalizar a ocupação para o público americano.

Grupos como SAG-AFTRA Members for Ceasefire e IATSE for Palestine pressionam por declarações pró-Palestina em seus sindicatos e participam de atos públicos. Porém, como relatam, é exasperantemente difícil fazer as lideranças sindicais sequer escutarem suas demandas. Não obstante, continuam a se mobilizar nos bastidores para angariar apoio entre os colegas.

Um membro da Writers Guild sugeriu que mesmo pequenos gestos — como conversas interpessoais — são essenciais: “Se tudo que conseguimos é jogar areia nas engrenagens, já é alguma coisa”

Alguns cineastas decidiram sabotar as engrenagens criando espaços alternativos à mídia financiada por grupos sionistas.

Em Nova York, em protesto aos laços do New York Film Festival com doadores pró-Israel, um coletivo organizou a primeira edição New York Counter Film Festival (NYCFF). A ideia, explicou um organizador, é oferecer a cineastas espaços alternativos para exibição de seus filmes, em vez de meramente pedir que se retirassem do festival oficial. Os esforços da NYCFF convenceram ainda ao menos 20 críticos e jornalistas a sequer cobrirem o festival tradicional.

Já a Watermelon Pictures, distribuidora focada em histórias de muçulmanos e do Sudoeste Asiático/Norte da África, surge como antídoto aos estereótipos que dominam Hollywood.

Badie Ali, um de seus fundadores, disse que a indústria americana “fez um ótimo trabalho desumanizando as pessoas do Oriente Médio”, e que seu objetivo é normalizar narrativas que mostrem a humanidade dessas comunidades — incluindo a luta palestina por água e comida.

El Gamal reforçou a mensagem: contra o racismo de Hollywood, é vital explorar a arte para desconstruir preconceitos. El Gamal confessou que, no começo da carreira, chegou a fazer testes para papéis de “terroristas”: “Tenho nojo de mim mesmo, mas achava que só assim teria uma carreira.”

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Essa banalização da islamofobia não é acidental. El Gamal apontou as parcerias históricas entre o Departamento de Defesa e os estúdios de Hollywood — ao lembrar que os artistas pró-Palestina não desafiam apenas patrões, mas o braço propagandístico do projeto imperialista americano, cujo objetivo é silenciar opositores.

Como o movimento mais amplo por uma Palestina livre, essa rede de artistas resilientes, no entanto, continua a crescer — apesar de todos os obstáculos postos em seu caminho.

Artigo publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 12 de julho de 2025

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