Oficiais israelenses admitiram nesta sexta-feira (25) deixar apodrecer alimentos e medicamentos carregados em mais de mil caminhões assistenciais na travessia de Karem Abu Salem (Kerem Shalon), na fronteira de Gaza, ao embargar a distribuição no enclave, reportou a agência Anadolu.
Conforme a própria imprensa israelense, comboios carregavam dezenas de milhares de pacotes humanitários, no entanto, deixados por semanas sob o sol.
Também nesta sexta, o Ministério da Saúde de Gaza atualizou as mortes por fome e desnutrição a ao menos 123 vítimas, incluindo 83 crianças.
Um oficial israelense, porém, confessou à rádio Kan: “Enterramos tudo, queimamos alguns dos suprimentos. Agora mesmo, milhares de pacotes estão debaixo do sol. Se não entrarem em Gaza, destruiremos estes também”.
Fontes militares reconheceram à Kan “apenas 100 a 150 caminhões por dia têm sido autorizados a entrar no lado palestino da fronteira; a maioria, jamais descarregados devido ao colapso do mecanismo de distribuição”.
Outra fonte ressaltou: “O sistema não funciona. Caminhões são embargados, as vias estão inutilizáveis e não há coordenação. Temos em mãos a maior reserva de grãos no mundo, e se não pegarem logo esses bens, queimaremos também”.
Israel mantém embargo quase absoluto à assistência humanitária a Gaza, ao assumir o controle da distribuição mediante a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), mecanismo militarizado responsável por quase mil mortes.
Na terça-feira (22), o Programa Alimentar Mundial (PAM), órgão das Nações Unidas, alertou que um terço da população de Gaza não comia havia dias. Estima-se 17 mil crianças diagnosticadas com desnutrição.
As ações israelenses, investigadas como genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, deixaram quase 60 mil mortos, dez mil desaparecidos e dois milhões de desabrigados, desde outubro de 2023.
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