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Israel deixa apodrecer milhares de bens assistenciais a Gaza, sob desastre de fome

26 de julho de 2025, às 11h20

Caminhões assistenciais aguardam autorização israelense para entrar em Gaza, na travessia de fronteira de Karem Abu Salem (Kerem Shalon), em 21 de janeiro de 2025 [Anas Zeyad Fteha/Agência Anadolu]

Oficiais israelenses admitiram nesta sexta-feira (25) deixar apodrecer alimentos e medicamentos carregados em mais de mil caminhões assistenciais na travessia de Karem Abu Salem (Kerem Shalon), na fronteira de Gaza, ao embargar a distribuição no enclave, reportou a agência Anadolu.

Conforme a própria imprensa israelense, comboios carregavam dezenas de milhares de pacotes humanitários, no entanto, deixados por semanas sob o sol.

Também nesta sexta, o Ministério da Saúde de Gaza atualizou as mortes por fome e desnutrição a ao menos 123 vítimas, incluindo 83 crianças.

Um oficial israelense, porém, confessou à rádio Kan: “Enterramos tudo, queimamos alguns dos suprimentos. Agora mesmo, milhares de pacotes estão debaixo do sol. Se não entrarem em Gaza, destruiremos estes também”.

Fontes militares reconheceram à Kan “apenas 100 a 150 caminhões por dia têm sido autorizados a entrar no lado palestino da fronteira; a maioria, jamais descarregados devido ao colapso do mecanismo de distribuição”.

Outra fonte ressaltou: “O sistema não funciona. Caminhões são embargados, as vias estão inutilizáveis e não há coordenação. Temos em mãos a maior reserva de grãos no mundo, e se não pegarem logo esses bens, queimaremos também”.

Israel mantém embargo quase absoluto à assistência humanitária a Gaza, ao assumir o controle da distribuição mediante a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), mecanismo militarizado responsável por quase mil mortes.

Na terça-feira (22), o Programa Alimentar Mundial (PAM), órgão das Nações Unidas, alertou que um terço da população de Gaza não comia havia dias. Estima-se 17 mil crianças diagnosticadas com desnutrição.

As ações israelenses, investigadas como genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, deixaram quase 60 mil mortos, dez mil desaparecidos e dois milhões de desabrigados, desde outubro de 2023.

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