O movimento palestino Hamas encaminhou sua resposta sobre um acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza aos mediadores — Egito, Catar e Estados Unidos —, ao reiterar sua demanda pelo fim da guerra após trégua de 60 dias.
O emissário americano Bishara Bahbah e mesmo oficiais israelenses descreveram como “construtiva” a contraproposta, bem como base em potencial a um acordo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, retrucou, porém, ao remover suas equipes do Catar, para supostas consultas, ao acusar o Hamas de “impor condições” ao Estado ocupante.
Steve Witkoff, assessor-chefe de Washington para o Oriente Médio, ecoou Netanyahu, ao ameaçar “alternativas” para resgatar os prisioneiros de guerra israelenses ainda em Gaza — após 20 meses de operações militares improdutivas.
Um oficial sênior do Hamas, porém, alegou que o acordo é “possível”, mas “deve levar mais alguns dias”.
O Hamas insiste no fim da guerra no 61º dia, após dois meses de trégua — período no qual deve ocorrer troca de prisioneiros. A posição tem apoio internacional, até mesmo reivindicada por nichos do público israelense.
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O grupo palestino, entretanto, pediu garantias dos Estados Unidos; mais recentemente, uma cláusula por escrito.
Netanyahu se nega a negociar a trégua, acusado de prorrogar a violência por interesses próprios, sob receios da implosão de seu governo e eventual prisão por corrupção nos três processos em curso na Justiça israelense.
O Hamas minuciou nesta semana suas reivindicações: a soltura de 200 palestinos sob pena perpétua e dois mil outros detidos desde outubro de 2023, em meio ao genocídio em Gaza. Tel Aviv busca reduzir os números a 125 a 1.200, respectivamente.
O regime israelense ignora apelos internacionais por cessar-fogo na Faixa de Gaza há mais de 20 meses, como retaliação e punição coletiva por uma ação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados.
Em Gaza, são cerca de 60 mil mortos e dois milhões de desabrigados, em condições de cerco, fome e destruição generalizada. As vítimas são, em maioria, mulheres e crianças.
Em novembro último, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.
Após quase dois anos de campanha armada, destruição e massacres contra populações civis, restam ainda cerca de 50 israelenses em Gaza, vinte e sete dos quais mortos por “fogo amigo”, sob bombardeios indiscriminados.
Em contrapartida, cerca de dez mil palestinos permanecem em custódia da ocupação, sob fome, tortura, negligência médica e mesmo violência sexual; muitos dos quais sem julgamento ou sequer acusação — reféns, por definição.
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