O Museu da Palestina, inaugurado como Museu da Palestina dos EUA em Woodbridge, Connecticut, expandiu-se para o outro lado do Atlântico com sua primeira filial europeia inaugurada no mês passado na capital escocesa, Edimburgo.
Durante a cerimônia de inauguração, Faisal Saleh, fundador e visionário incansável por trás do museu, recebeu os convidados com uma intensidade silenciosa que contrastava com a tempestade de ideias que o cercava. Nascido em uma família de refugiados palestinos deslocados da vila de Salama, perto de Jaffa, em 1948, a jornada de Faisal, da Cisjordânia ocupada a empreendedor de tecnologia nos EUA e “criador de museus”, parece uma vida inteira condensada em uma missão singular: criar um espaço cultural onde os palestinos possam ser donos de suas narrativas.
De fato, o Museu da Palestina não é um museu de arte comum. Ao mesmo tempo em que exibe com orgulho a arte palestina contemporânea, da assombrosamente expressiva à desafiadoramente esperançosa, também oferece algo cada vez mais raro: uma plataforma onde a cultura, a história e a resistência palestinas podem ser centralizadas sem desculpas ou censura.
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“Não descansarei até que haja um Museu da Palestina em cada grande cidade do mundo”, diz Faisal Saleh.

O diretor Faisal Saleh nas escadas do Museu da Palestina na Escócia, localizado na Rua Dundas, 13A, Edimburgo. [Frances Anderson, Museu da Palestina nos EUA/ Cortesia]
Um exemplo disso ocorreu no mês passado, quando a Dra. Karameh Kuemmerle, médica palestino-americana e uma das fundadoras da Médicos Contra o Genocídio, foi convidada para palestrar na Universidade Quinnipiac sobre as realidades médicas em Gaza. Mas a administração da universidade cancelou abruptamente sua palestra, considerando o assunto “muito político”.
O Museu da Palestina interveio. A Dra. Kuemmerle proferiu sua palestra no museu, para um público lotado, com o evento completo agora disponível no canal do museu no YouTube.
Isso foi mais do que uma mudança de endereço, foi uma declaração. O museu está abrindo espaço para as vozes palestinas, por mais desconfortável que isso possa ser para alguns.
Esse ethos continua em Edimburgo. A filial europeia, localizada em uma cidade conhecida por sua efervescência literária e artística, pretende ser um arquivo vivo e um centro cultural, que destacará não apenas artistas visuais, mas também cineastas, músicos, acadêmicos e ativistas.

Ex-primeiro-ministro escocês, Humza Yousaf, no Museu da Palestina na Escócia. [ Humza Yousa/ FBf]
Já existem planos para uma série de palestras públicas, exposições e colaborações. Mas, mais do que isso, a filial em Edimburgo representa uma ampliação da missão do museu — insistir que a Palestina não é um tema marginal, mas central, e que seu povo tem o direito não apenas de existir, mas de criar, documentar e falar livremente.
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