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Netanyahu ignora padrão e alega ‘erro’ sobre ataque a igreja ligada ao Papa Francisco

18 de julho de 2025, às 15h52

Missa realizada pelos mortos por ataques israelenses à Igreja da Sagrada Família, na Cidade de Gaza, em 17 de julho de 2025 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

O regime da ocupação israelense buscou minimizar seus crimes de ataque a entes civis — desta vez a Igreja da Sagrada Família, na Faixa de Gaza, contactada diariamente pelo Papa Francisco, até sua morte, em abril —, ao descrever o incidente como “erro”. 

Por telefone, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alegou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “profundo pesar” sobre o bombardeio que matou três palestinos e feriu outros dez, incluindo o padre local, Gabriel Romanelli.

A Igreja da Sagrada Família, na Cidade de Gaza, é uma das últimas instituições católicas no enclave, refúgio vital a cristãos e muçulmanos. Francisco conversava todas as noites com Romanelli, por ligação, para saber das condições em campo.

O ataque à igreja atraiu nova onda de condenação internacional — embora sem ações decisivas. A premiê italiana Giorgia Meloni lamentou o caso como “inaceitável”, contra “intolerável” de parte do chanceler francês Jean-Noël Barrot.

O ataque coincide com alertas de um padrão sistemático de Israel de violações contra instituições religiosas. Na Cisjordânia ocupada, líderes cristãos reportaram escalada de ataques de colonos ilegais israelenses contra suas comunidades.

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Nesta semana, o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, denunciou colonos por incendiarem um lote nos arrabaldes de um cemitério e uma igreja do século V, na aldeia de Taybeh, de maioria cristã, perto de Ramallah.

“As ações constituem ameaça direta e deliberada a nossa comunidade e ao patrimônio histórico e religioso desta terra”, declarou Teófilo em visita à região, junto de clérigos e diplomatas. Teófilo notou que as autoridades israelenses ignoram as ocorrências — ou mesmo escoltam os colonos, a fim de forçar a emigração dos palestinos cristãos.

O Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, por sua parte, advertiu para limpeza étnica: “A tentação de deixar terras ancestrais existe, devido à situação. É difícil ver como e onde isso vai parar”.Segundo a organização israelense de direitos humanos B’Tselem, a violência colonial na Cisjordânia escalou em paralelo com o genocídio em Gaza, desde outubro de 2023. As comunidades cristãs e islâmicas da Palestina ocupada seguem sob ataque — incluindo pogroms —, com impunidade.

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