Srebrenica: Após 30 anos do genocídio, hipocrisia do Ocidente causa indignação

Middle East Eye
5 meses ago

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Sexta-feira, 11 de julho, foi marcado o 30º aniversário do genocídio de Srebrenica, quando forças sérvias na Bósnia assassinaram ao menos oito mil homens e meninos da comunidade islâmica do país, naquilo que se tornou conhecido como o pior massacre em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto multidões se reuniam na cidade de Srebrenica para manifestar seu luto e honra aos mortos de 1995, milhares de pessoas tomaram as redes sociais para compartilhar tributos às vítimas e refletir sobre o genocídio. 

“Trinta anos — mas outros trezentos, e trezentos mais, jamais bastariam para lavar a vergonha de matar crianças”, escreveu a cientista política Jasmin Mujanović. “O genocídio de Srebrenica é o apogeu dos horrores de um genocídio, ainda maior, vivenciado pelos muçulmanos da Bósnia e Herzegovina. Lembrem-se — e se eduquem. Hoje — e amanhã”.

Um usuário online reiterou: “Trinta anos desde o genocídio. Que jamais nos esqueçamos, que suas pegadas sobre a terra, seus traços não se desvaneçam a um esquecimento sem sentido. Que todos recordem!”

Nas redes sociais, inúmeras contas refletiram sobre o aniversário do massacre à luz da agressão israelense em curso contra a Faixa de Gaza — classificada por organizações como Anistia Internacional, Médicos Sem Fronteiras e dezenas de outras, além de acadêmicos e especialistas das Nações Unidas como genocídio.

“Ontem, Srebrenica. Hoje, Gaza. E amanhã?”, questionou um pesquisador bósnio.

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Outro usuário disse: “Recordar o genocídio de Srebrenica em tempos de genocídio é algo que nos abala como nenhuma outra coisa. Por que nos lembramos se o presente tanto exige que nos esqueçamos?”

‘Hipocrisia vil’

À medida que líderes da comunidade internacional somavam seus comentários próprios sobre o 30º aniversário do genocídio do povo bósnio, em Srebrenica, usuários e ativistas nas redes sociais não hesitaram em denunciar as declarações como “hipócritas”, ao ressaltarem o negacionismo ecoado por políticos e oficiais sobre o mesmo crime conduzido por Israel contra o povo palestino. 

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, lembrou das vítimas e prometeu dobrar seus esforços para “combater o ódio e a intolerância onde quer que existam”. Na plataforma de rede social X (Twitter), um usuário respondeu, ao acusar Starmer de “celebrar a data ao permitir, encobrir e se recusar a objetar, muito menos interromper, outro genocídio monstruoso na Faixa de Gaza”.

“Starmer, corretamente, marcou o aniversário do massacre de Srebrenica”, comentou outro usuário. “Mas isto é hipocrisia — uma hipocrisia vil — de um governo que participa ativamente de um genocídio em curso no Oriente Médio”.

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Ao retrucar a mensagem do Conselho Europeu sobre Srebrenica, reafirmou em outra postagem: “Lembrar-se deveria também significar parar o genocídio cometido hoje, em Gaza — e isso vocês não fizeram”.

Uma resposta em particular, à missão da Alemanha nas Nações Unidas, advertiu: “Não precisamos que aqueles que enviam armas ao genocídio em Gaza demonstrem ou finjam solidariedade por Srebrenica, na Bósnia”.

A Alemanha — Estado responsável pelo Holocausto nazista, o último genocídio na Europa, antes de Srebrenica — permanece como um dos mais persistentes apoiadores de Israel, e um de seus maiores fornecedores de armas desde a deflagração da catástrofe em Gaza, em outubro de 2023.

“Não precisamos de sua hipocrisia suja”, concluiu um usuário. “Precisamos de líderes que façam valer a lei internacional e rejeitem a barbárie — em nome de um mundo melhor para todo mundo”.

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Artigo publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 11 de julho de 2025

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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