Soldados do exército de Israel atearam fogo em grandes lotes agrícolas da província de Quneitra, a leste da cerca de separação com as colinas ocupadas de Golã, relatou nesta sexta-feira a imprensa síria.
Segundo informações, “forças da ocupação iniciaram incêndios criminosos em dezenas de dunams de terras” na aldeia de al-Rafid, no sudoeste da Síria. Cada dunam equivale a mil metros quadrados.
Conforme a emissora Alikhbaria Syria, forças das Nações Unidas foram encaminhadas a tentar extinguir as chamas, contudo, com ferramentas rudimentares, sob dificuldades. Não há detalhes das operações até então.
O exército israelense tampouco comentou o crime.
Mais cedo, na sexta-feira, Muhammad al-Saeed, vice-governador de Quneitra, afirmou à agência Anadolu que Israel instalou oito bases ilegais no norte da província, incluindo na bacia de Yarmuk, em sua atual onda de ocupação.
LEIA: Israel expande ocupação no sul da Síria, com dez bases e expulsão de residentes
Al-Saeed ressaltou que as bases foram construídas dentro da zona neutra de 1974, em violação, portanto, do Acordo de Desengajamento Damasco—Tel Aviv. As ações, notou, embargaram seis mil hectares de terras agrícolas e pastoris.
Famílias seguem impedidas de acessar suas colheitas e rebanhos — isto é, seus meios de subsistência.
Israel ocupou ilegalmente as colinas sírias de Golã em 1967, junto de Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental — medida jamais reconhecida internacionalmente.
Após a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, Israel intensificou uma campanha aérea contra a Síria, bem como invasão por terra pela fronteira sul, na suposta “zona neutra”. Dezenas foram mortos.
Um governo transicional foi estabelecido na Síria, sob presidência de Ahmad al-Shaara. Contudo, parece inepto a reagir aos avanços de Israel.
LEIA: Ataques aéreos israelenses atingem Damasco e Hama, na Síria
Com o verão no Hemisfério Norte, incluindo seca, ao menos dois incêndios tomaram a província de Hama, na Síria central, com casas e terras destruídas. Chamas em Latakia, na região oeste persistem há dez dias.
Bombeiros de Turquia e Jordânia chegaram por terra para ajudar nos esforços, à espera também de equipes do Iraque. Dezesseis aeronaves de Síria, Turquia, Jordânia e Líbano também participaram das ações.
O brigadeiro-general Assem Hawari, incumbido da Força Aérea da Síria, reuniu-se com homólogos jordanianos para coordenar uso do espaço aéreo e evitar incidentes.
Na quinta-feira (10), Adam Abdelmoula, coordenador humanitário da Organização das Nações Unidas para a Síria, anunciou um fundo de emergência de US$625 mil voltado a apoiar as comunidades afetadas de Latakia.
O combate ao fogo se complica por ventanias, detritos explosivos e minas terrestres — remanescentes dos 13 anos de guerra civil —, confirmaram oficiais.