Críticas sem precedentes tomaram Israel contra o premiê Benjamin Netanyahu, no que analistas descrevem como sua própria “guerra do Vietnã” na Faixa de Gaza — marcada por guerrilha e perdas incessantes de recursos e pessoal do exército ocupante.
Para observadores israelenses, emerge o alerta de que a completa reocupação de Gaza seria “um erro ainda maior” do que a invasão militar dos Estados Unidos ao Vietnã, de 1955 a 1975.
Em um artigo incisivo, publicado pelo jornal em hebraico Yedioth Ahronoth, o colunista Nadav Eyal questionou os benefícios do encontro de Netanyahu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante visita a Washington — período no qual “cinco famílias israelenses estavam velando seus filhos, mortos em Gaza”.
Apesar de garantias de “apoio sincero” por Washington, Eyal ressaltou dúvidas sobre as estratégias amplas de Israel em Gaza. Para o analista, slogans como “eliminar o Hamas” não têm substância.
Eyal insistiu ainda que um cenário de “plena ocupação militar” de Gaza levaria Israel a um “pântano vietnamita” ou um “desastre sem saída”.
Segundo o artigo, a recusa israelense em permitir a gestão do enclave pela Autoridade Palestina (AP) deixa somente uma alternativa: ocupação, cuja implicação seria exaustão e contínuo derramamento de sangue.
Eyal também desmentiu o governo: “O Hamas não foi derrotado”. Ao mencionar dados militares, o colunista reiterou que 38 soldados ocupantes foram mortos desde março — média de dez por mês —, com recordes em junho, o que sugere que as capacidades de combate da resistência palestina permanecem, em grande parte, intactas.
Outra questão remete aos fracassos da segurança estratégica de Israel, acrescentou, ao ressaltar emboscadas mortais — como em Beit Hanoun, a apenas dois quilômetros da cerca de fronteira, área designada “segura” por Tel Aviv.
Eyal concluiu seu texto ao comparar os erros em curso de Israel em Gaza com a decisão dos Estados Unidos de desmantelar o exército de Saddam Hussein, no Iraque, em meio à invasão ocidental ao país, ao apontar prejuízos de longo prazo.
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