Uma firma de consultoria dos Estados Unidos está sob inquérito formal de um comitê do parlamento do Reino Unido por suspeitas de auxiliar na construção de planos para a limpeza étnica da Faixa de Gaza.
A Boston Consulting Group (BCG) — uma das maiores agências de consultoria e gestão do mundo — foi convocada a dar explicações sobre um controverso projeto pós-guerra de “redesenvolvimento” em Gaza, incluindo relocação em massa dos palestinos.
O deputado britânico Liam Byrne, chefe do Comitê de Comércio e Negócios, demandou “esclarecimentos e informações” sobre as atividades da BCG, sobretudo contrato com a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, da sigla em inglês), mecanismo israelo-americano supostamente assistencial, denunciado por extermínio.
Segundo reportagem do Financial Times, o BCG foi contratada para montar modelos de negócios a um plano de reconstrução pós-guerra, incluindo custos para deslocamento “voluntário” de centenas de milhares de pessoas — isto é, limpeza étnica.
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Revelações recentes comprometeram ainda o Instituto Tony Blair (TBI), criado pelo ex-premiê britânico, cuja equipe foi flagrada em calls e e-mails com as firmas incumbidas do projeto. Ao menos um memorando do TBI foi compartilhado com o BCG.
O BCG respondeu às denúncias ao demitir dois sócios e se eximir do projeto, ao alegar que seu desenvolvimento teria sido “não autorizado”. Para Byrne, no entanto, os dados são insuficientes.
O deputado exigiu, neste sentido, um cronograma do envolvimento da empresa, assim como nomes de clientes e colaboradores e, sobretudo, detalhes de entidades radicadas no Reino Unido — como ongs ou think tanks — envolvidas no processo.
“Quem encomendou esse trabalho?”, indagou Byrne. “Quais indivíduos ou instituições de fato se engajaram com o BCG neste contexto? Essas operações seguem em curso ou ativa, de qualquer que seja a forma?”
Os laços BCG—GHF devem ainda ser examinados nos Estados Unidos, onde a senadora Elizabeth Warren escreveu ao Departamento de Estado exigindo transparência.
O comitê britânico deu prazo até 22 de julho para que o BCG responda. Em breve nota, a empresa disse: “Estamos cientes do pedido da Câmara dos Comuns. Reavaliaremos a solicitação e estamos comprometidos em respondê-la”.








