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Reino Unido investiga firma dos EUA acusada de planejar limpeza étnica de Gaza

10 de julho de 2025, às 14h02

Tendas improvisadas aos palestinos deslocados pelos ataques de Israel, no litoral de Gaza, em 8 de julho de 2025 [Abdalhkem Abu Riash/Agência Anadolu]

Uma firma de consultoria dos Estados Unidos está sob inquérito formal de um comitê do parlamento do Reino Unido por suspeitas de auxiliar na construção de planos para a limpeza étnica da Faixa de Gaza.

A Boston Consulting Group (BCG) — uma das maiores agências de consultoria e gestão do mundo — foi convocada a dar explicações sobre um controverso projeto pós-guerra de “redesenvolvimento” em Gaza, incluindo relocação em massa dos palestinos.

O deputado britânico Liam Byrne, chefe do Comitê de Comércio e Negócios, demandou “esclarecimentos e informações” sobre as atividades da BCG, sobretudo contrato com a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, da sigla em inglês), mecanismo israelo-americano supostamente assistencial, denunciado por extermínio.

Segundo reportagem do Financial Times, o BCG foi contratada para montar modelos de negócios a um plano de reconstrução pós-guerra, incluindo custos para deslocamento “voluntário” de centenas de milhares de pessoas — isto é, limpeza étnica.

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Revelações recentes comprometeram ainda o Instituto Tony Blair (TBI), criado pelo ex-premiê britânico, cuja equipe foi flagrada em calls e e-mails com as firmas incumbidas do projeto. Ao menos um memorando do TBI foi compartilhado com o BCG.

O BCG respondeu às denúncias ao demitir dois sócios e se eximir do projeto, ao alegar que seu desenvolvimento teria sido “não autorizado”. Para Byrne, no entanto, os dados são insuficientes.

O deputado exigiu, neste sentido, um cronograma do envolvimento da empresa, assim como nomes de clientes e colaboradores e, sobretudo, detalhes de entidades radicadas no Reino Unido — como ongs ou think tanks — envolvidas no processo.

“Quem encomendou esse trabalho?”, indagou Byrne. “Quais indivíduos ou instituições de fato se engajaram com o BCG neste contexto? Essas operações seguem em curso ou ativa, de qualquer que seja a forma?”

Os laços BCG—GHF devem ainda ser examinados nos Estados Unidos, onde a senadora Elizabeth Warren escreveu ao Departamento de Estado exigindo transparência.

O comitê britânico deu prazo até 22 de julho para que o BCG responda. Em breve nota, a empresa disse: “Estamos cientes do pedido da Câmara dos Comuns. Reavaliaremos a solicitação e estamos comprometidos em respondê-la”.

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