A Arábia Saudita exerceu um papel essencial em obstruir um plano dos Estados Unidos para realocar compulsoriamente centenas de milhares de palestinos de Gaza, reportou o site de notícias israelense Walla, ao citar fontes oficiais.
Segundo as informações, o presidente americano Donald Trump abandonou a proposta após sua visita a Riad, onde assinou acordos com a liderança saudita.
Em fevereiro, Trump aventou um “plano de migração voluntária” para Gaza, no intuito de converter o território palestino no que descreveu como “Riviera do Oriente Médio”, mediante deslocamento — isto é, limpeza étnica — da população.
O plano recebeu condenação ampla do chamado mundo árabe e órgãos humanitários, que denunciaram anexação ilegal de terras e crimes de guerra.
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Conforme a Walla, Israel notou uma mudança na postura após visita de Trump à Arábia Saudita em maio, na qual Riad e Washington se reaproximaram — após quatro anos de estranhamento sob a gestão de Joe Biden —, via assinatura de acordos.
Fontes israelenses sugeriram que a iniciativa de Trump jamais superou a fase de “flerte político”, efetivamente engavetada pela monarquia saudita.
Nos círculos decisórios de Israel, o recuo americano é visto como revés. Tel Aviv segue contando com o apoio de Washington para promover um plano para que países árabes aceitem a migração em massa — compulsória — dos refugiados de Gaza.
Apesar de esforços políticos e mais de 20 meses de campanha militar de Israel, não há resultados concretos até então.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase 640 dias, com 57.600 mortos e dois milhões de desabrigados, em condições de fome, doença e miséria.
O deslocamento compulsório de uma população — mesmo sob verniz humanitário — é tipificado como crime de genocídio pelo direito internacional.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), radicado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
