A história e as duras lições do nosso tempo nos mostraram que o que não nos mata, nos fortalece. A solidariedade com uma causa justa não precisa de permissão. Não requer licença, aprovação oficial ou filiação política. A justiça não é definida por decisões judiciais ou linhas partidárias; ela vive na consciência. Ela agita o coração muito antes de ser entoada nas ruas.
Hoje, enfrentamos mais uma tentativa de silenciar as vozes que apoiam a Palestina na Grã-Bretanha. Alguns estão chocados, tratando-a como um novo ponto de inflexão. E sim, estes não são tempos comuns. Esforços para proibir, criminalizar ou desacreditar certas formas de apoio são sérios. Mas para aqueles com memória mais longa, aqueles que já trilharam esse caminho antes, o padrão é bastante familiar. E eles não estão abalados.
Já vimos isso antes.
Quantos movimentos foram esmagados antes de florescerem?
Quantas vozes foram silenciadas, apenas para ecoarem mais alto pelo mundo?
Lembre-se do Congresso Nacional Africano (CNA) durante o Apartheid na África do Sul: ele foi banido, colocado na lista negra e rotulado como terrorista. Nelson Mandela permaneceu nas listas de terroristas ocidentais até apenas uma década antes de sua morte. No entanto, os mesmos líderes que o condenaram, mais tarde o aclamaram como um herói da justiça.
Aqui na Grã-Bretanha, também testemunhamos isso. A solidariedade com o Vietnã, com a África do Sul, com o Iraque foi recebida com indignação da mídia e resistência política. Mas, repetidamente, esses movimentos venceram o argumento moral, mesmo quando perderam o político.
Sejamos honestos: não se trata de um grupo, um slogan ou uma decisão judicial.
Hoje, trata-se da Palestina, uma terra sitiada por gerações, bombardeada sem consequências, onde crianças são mortas e ninguém é responsabilizado. E trata-se da inspiração que a Palestina continua a oferecer a qualquer pessoa guiada por sua consciência.
Portanto, quando ouvimos debates sobre “quem pode demonstrar solidariedade” ou quais slogans são “aceitáveis”, não nos deixemos distrair. Essas são distrações superficiais, projetadas para obscurecer a verdadeira questão: a opressão contínua de um povo inteiro.
Sejamos claros.
Você pode proibir um banner.
Você pode encerrar uma campanha.
Você pode difamar uma emissora.
Você pode cancelar o registro de uma organização.
Mas é possível impedir que um estudante sofra por Gaza?
É possível enxugar as lágrimas de uma mãe enquanto ela assiste às imagens de crianças palestinas assassinadas?
Você consegue silenciar um professor que explica a Nakba aos seus alunos?
Você consegue impedir um lojista de optar por não estocar produtos ligados à ocupação?
Não pode.
Porque não pode proibir a consciência.
Não pode policiar o coração.
E palavras ditas com convicção sempre encontrarão um caminho; mesmo quando todos os microfones estão desligados.
Não, esta luta não é fácil. Nunca foi. E pode ficar ainda mais difícil.
Mas é aí que reside a sua dignidade.
Defender o que é certo, sabendo que isso pode custar seu emprego, sua reputação, seu conforto, e ainda assim não recuar.
Manter sua posição, não porque você tem a vitória garantida amanhã, mas porque se recusa a apoiar o opressor hoje.
Movimentos vêm e vão. Bandeiras sobem e descem. Nomes mudam.
Mas a causa permanece.
A Palestina continuará viva neste país enquanto os corações baterem, enquanto as pessoas se importarem e enquanto houver vozes dispostas a falar a verdade, não importa o custo.
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