Funcionários da Microsoft anunciaram na quinta-feira que e-mails contendo os termos “Gaza”, “Palestina” e “genocídio” estão sendo bloqueados para qualquer pessoa dentro ou fora da empresa, à medida que os protestos contra a conexão da empresa com Israel se intensificam, informou a agência Anadolu.
O grupo de protesto da empresa, “No Azure for Apartheid”, anunciou as restrições de e-mail em uma publicação nas redes sociais na quinta-feira.
“A Microsoft demite Joe Lopez por interromper o aproveitador do Genocídio, Satya Nadella, durante o discurso principal da Microsoft Build e proíbe palavras como ‘Palestina’, ‘Gaza’ e ‘Genocídio’ em todos os e-mails da empresa!!!”, disse o grupo.
“Mais um capítulo na longa história da cultura de intimidação, retaliação, repressão e censura da Microsoft”, acrescentaram.
Enquanto isso, a Microsoft confirmou à revista The Verge que impôs algumas mudanças para reduzir “e-mails com foco político” dentro da empresa.
Em 19 de maio, Joe Lopez, engenheiro de firmware da equipe de sistemas de hardware do Azure e membro do grupo ativista No Azure for Apartheid, interrompeu o discurso principal do CEO Satya Nadella na conferência Build 2025, em Seattle.
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“Satya! Que tal você mostrar como a Microsoft está matando palestinos? Que tal mostrar que os crimes de guerra israelenses são alimentados pelo Azure?”, gritou ele.
“Como funcionário da Microsoft, me recuso a ser cúmplice deste genocídio”, declarou Lopez antes de ser retirado do evento. Ele estava acompanhado por um ex-funcionário do Google que já havia protestado contra os contratos de nuvem da empresa com Israel.
Após sua demissão, Lopez enviou e-mails a milhares de colegas da Microsoft expressando consternação com os contratos em andamento da empresa com o Ministério da Defesa de Israel.
“Não posso mais ficar em silêncio enquanto a Microsoft continua facilitando a limpeza étnica do povo palestino por Israel”, escreveu Lopez, descartando as avaliações internas da Microsoft como inadequadas e pedindo maior transparência.
“A liderança rejeita nossas alegações de que a tecnologia Azure está sendo usada para atingir ou ferir civis em Gaza. Aqueles de nós que têm prestado atenção sabem que isso é uma mentira descarada”, dizia o e-mail.
A manifestação faz parte de uma campanha maior chamada No Azure for Apartheid, composta por funcionários atuais e antigos da Microsoft que se opõem a contratos que, segundo eles, facilitam a vigilância em massa e o monitoramento de comunicações por IA em Gaza.
A Microsoft reconheceu ter fornecido serviços de IA e nuvem ao Ministério da Defesa de Israel, mas negou que seus produtos tenham sido usados para atacar pessoas.
A empresa alegou ter conduzido investigações internas e externas e não ter descoberto “nenhuma evidência até o momento de que as tecnologias Azure e de IA da Microsoft tenham sido usadas para atingir ou prejudicar pessoas no conflito”.
A disputa surge devido ao bloqueio israelense à entrada de suprimentos humanitários em Gaza desde 2 de março, agravando a situação que afeta 2,4 milhões de palestinos que dependem exclusivamente desse auxílio.