A França solicitou à Comissão Europeia que revise urgentemente o acordo de associação da UE com Israel, citando a piora da situação humanitária na Faixa de Gaza e as preocupações com o cumprimento das obrigações de direitos humanos por Israel.
O Ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, disse ontem à rádio France Info que a parceria UE-Israel deve ser reavaliada à luz do papel de Israel na obstrução da ajuda humanitária a Gaza.
Suas declarações foram feitas em um momento em que a crise humanitária se agrava no enclave, onde alimentos, água e suprimentos médicos continuam escassos.
“Este é um pedido legítimo e peço à Comissão Europeia que o analise”, disse Barrot.
Ele enfatizou que o acordo de associação UE-Israel se baseia nos princípios dos direitos humanos e da democracia e questionou se esses princípios estão sendo respeitados atualmente.
Questionado se a França apoia a suspensão do acordo, Barrot respondeu: “Vamos ver que análise a Comissão Europeia fará do cumprimento do Artigo 2 do acordo por Israel.”
Barrot criticou duramente a abordagem de Israel à crise humanitária em Gaza.
“Acho que precisamos expressar a realidade em palavras. A realidade é que os palestinos em Gaza estão morrendo de fome, com sede, não têm nada, e que Gaza hoje está à beira do caos e da fome”, disse ele.
“Acho que todos estão cientes disso”, acrescentou, descrevendo a posição de Israel como “incompreensível”.
“E é precisamente expressando nossa opinião claramente que podemos, sem dúvida, esperar influenciar a posição israelense”, concluiu Barrot.
Seus comentários seguem um apelo da Holanda por uma revisão urgente do acordo UE-Israel e refletem as crescentes divisões dentro do bloco de 27 membros.
Embora alguns países, incluindo Espanha e Irlanda, tenham exigido anteriormente a suspensão do acordo, outros adotaram uma abordagem mais cautelosa.
No início desta semana, a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, afirmou que Bruxelas ofereceu assistência a Israel para ajudar a distribuir ajuda humanitária em Gaza.
O Acordo de Associação UE-Israel, assinado em 1995 e em vigor desde 2000, rege as relações comerciais e políticas entre as duas partes. O Artigo 2º do acordo estipula que as relações devem ser baseadas no respeito aos direitos humanos e aos princípios democráticos.
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