O Sudão cortou laços diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos (EAU) nesta terça-feira (6), um dia depois de o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, indeferir uma denúncia de “genocídio” contra o Estado do Golfo.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Em comunicado, o Conselho de Defesa e Segurança do Sudão declarou formalmente os Emirados como “Estado agressor”, ao acusar o regime árabe de manter apoio ao grupo paramilitar conhecido Forças de Suporte Rápido (FSR), que combate o exército regular na guerra civil.
“O mundo inteiro tem testemunhado, por mais de dois anos, os crimes de agressão dos Emirados Árabes Unidos contra a soberania e a integridade territorial sudanesas, bem como a segurança de seus cidadãos”, declarou a nota.
Nesta segunda-feira (5), a corte em Haia declinou um processo contra Abu Dhabi, por “cumplicidade no genocídio”, em particular na província ocidental de Darfur, por crimes cometidos pelas tropas paramilitares contra comunidades massalites.
A corte das Nações Unidas alegou “carecer manifestamente” de autoridade para seguir com os procedimentos, ao rejeitar o caso.
Segundo a denúncia, registrada em março, a cumplicidade emiradense se deve a apoio militar e financeiro contínuo do país aos grupos miliciais. O Sudão requereu “medidas cautelares” contra Abu Dhabi, incluindo cessação de qualquer cooperação com agentes não-estatais.
Em 10 de abril, durante audiência, alertou Muawia Osman, ministro interino da Justiça do Sudão: “O apoio direto em termos logísticos e outros que os Emirados deferiram e continuam a cedê-lo à FSR seguem como a força motriz por trás do genocídio, incluindo crimes como assassinato, estupro, pilhagem e deslocamento à força”.
Reem Ketait, oficial sênior da chancelaria emiradense, descreveu a decisão como “clara e decisiva prova do fato de que este caso não tem base alguma”.
O Ministro da Cultura e Comunicação do Sudão, Khalid al-Aiser, insistiu, porém, “seguir com todos os dispositivos legais disponíveis para responsabilizar os perpetradores por seus crimes cometidos contra o povo sudanês”.
“O caso sudanês não parará em Haia”, acrescentou al-Aiser no Twitter (X).
Segundo o ministro, a negativa se deve a questões técnicas e não mérito.
Desde 15 de abril de 2023, o exército regular e seus antigos aliados paramilitares lutam por controle no país, com dezenas de milhares de mortos e um subsequente desastre humanitário. Quinze milhões de pessoas foram deslocadas à força.
Os Emirados não comentaram a decisão sudanesa até então.