clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Após semanas de bloqueio, fome em Gaza se aprofunda, reforça ONU

27 de abril de 2025, às 08h34

Caminhões assistenciais aguardam entrada na Faixa de Gaza sitiada, sob genocídio israelense, pela travessia de fronteira de Kerem Shalom (Karem Abu Salem), em 23 de fevereiro de 2025 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

A Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) reiterou nesta sexta-feira (25) que os 54 dias consecutivos de bloqueio humanitário de Israel contra a Faixa de Gaza aprofundaram a crise de fome que assola a população, sob genocídio desde outubro de 2023.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Em nota, observou a UNRWA: “Quase três mil caminhões com insumos essenciais para salvar vidas estão prontos para entrar em Gaza” — porém, sem o aval das autoridades israelenses.

“As pessoas de Gaza estão famintas e a situação é desesperadora”, acrescentou. “Ajuda humanitária está sendo usada como barganha e arma de guerra”.

A UNRWA reforçou apelos para que o “cerco seja suspenso, insumos entrem no enclave, reféns [prisioneiros de guerra] sejam libertados e o cessar-fogo seja retomado”.

Segundo a agência, “abrigos superlotados estão em condições terríveis; provedores de serviços não conseguem trabalhar; e os últimos recursos estão se exaurindo”.

O exército de Israel mantém um fechamento absoluto das travessias de Gaza a insumos essenciais, incluindo comida e medicamentos, desde 2 de março de 2025, em despeito aos alertas de catástrofe humanitária sem precedentes, deferidos reiteradamente por órgãos governamentais, grupos de direitos humanos e agências internacionais.

Recentemente, a UNRWA reforçou alertas de que a população de Gaza vive à margem de uma “fome extrema”, devido ao contínuo bloqueio de Israel.

Em 18 de março, o exército israelense retomou ataques intensivos a Gaza, ao revogar o cessar-fogo de 19 de janeiro, incluindo acordo de troca de prisioneiros.

Desde outubro de 2023, quando deflagrou o genocídio, Israel matou ao menos 51.400 pessoas, sobretudo mulheres e crianças.

Em janeiro de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, aceitou a denúncia sul-africana contra Israel, pelo crime de genocídio em Gaza, ao levar o Estado ocupante, pela primeira vez, ao banco dos réus.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), também em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade.

LEIA: Israel matou ao menos 212 jornalistas em Gaza desde 2023, confirma governo local