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O pesar de Gaza: a voz de paz do Papa Francisco não deve se apagar

O Pe. Gabriel Romanelli, pároco da Igreja da Sagrada Família, recorda o último telefonema do Pontífice: “rezemos para que homens e mulheres de boa vontade do mundo acolham as suas contínuas e prementes pedidos de paz”.

21 de abril de 2025, às 14h18

O Papa Francisco inaugurou o presépio anual na Praça de São Pedro, que apresentou o menino Jesus deitado em um keffiyeh palestino em 7 de dezembro de 2024

Um pai que acompanhou os seus filhos em dificuldade por 19 meses. É assim que se pode pensar na proximidade do Papa Francisco com a Igreja da Sagrada Família em Gaza, confortada quase todas as noites por sua voz, que não lhe faltou mesmo durante a longa internação no Hospital Gemelli de Roma, cuidando de como estavam, do quanto tinham comido, mantendo as crianças em seu coração, vítimas inocentes do conflito entre Israel e Hamas. Telefonemas que sempre terminavam com um convite à oração, o local mais seguro em um clima de guerra.

Para o Papa, uma oração de unidade

Após o anúncio do falecimento do Papa, a mídia do Vaticano conversou com o Pe. Gabriel Romanelli, pároco dos latinos em Gaza. “Nós, da paróquia da Sagrada Família, estávamos visitando a Igreja Greco-Ortodoxa de São Porfírio para cumprimentar o bispo grego Alexios e o pároco, já que celebramos juntos a Santa Páscoa deste ano. Imediatamente nos reunimos em oração ali”. Uma oração comum que se eleva dos céus de Gaza, talvez o presente mais bem-vindo para o Papa Francisco.

Os apelos que não caem no vazio

Na paróquia, acrescenta o Padre Romanelli, “continuamos a rezar pelo Papa Francisco e a louvar a Deus pelo grande presente que ele nos deu com sua pessoa. O Papa Francisco foi um pastor que amou e acompanhou, como todos nós sabemos, esta nossa pequena comunidade, rezando e trabalhando pela paz. Esperamos que os apelos que ele fez, e também o último que ele teve forças para fazer há apenas algumas horas, sejam atendidos: que as bombas sejam silenciadas, que esta guerra termine, que os reféns e prisioneiros sejam libertados e que a ajuda humanitária à população possa ser retomada e chegar de forma consistente”.

O último telefonema

“O Papa nos ligou pela última vez no sábado à noite, pouco antes de começar a Vigília Pascal, enquanto rezávamos o Rosário. Ele nos disse que estava rezando por nós, nos abençoou e nos agradeceu pelas orações em seu favor. Peçamos ao Senhor – conclui o padre Romanelli – que lhe conceda o descanso eterno, e rezemos para que homens e mulheres de boa vontade no mundo acolham os seus pedidos contínuos e urgentes pela paz em Gaza e no mundo”.

Publicado originalmente em vaticannews