clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Hamas promete deixar gestão de Gaza em caso de consenso nacional

5 de março de 2025, às 17h27

Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do movimento palestino Hamas, durante entrega de prisioneiros de guerra israelenses à Cruz Vermelha, sob acordo de cessar-fogo, em Rafah, no sul de Gaza, em 22 de fevereiro de 2025 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

O movimento palestino Hamas confirmou nesta terça-feira (4) que não será parte de quaisquer arranjos administrativos para o futuro da Faixa de Gaza em caso de consenso nacional.

Hazem Qassem, porta-voz do movimento, afirmou à agência Anadolu: “Qualquer acordo sobre o futuro de Gaza, após a agressão israelense, deve ter como base o consenso nacional e, certamente, apoiaremos isso”.

Qassem destacou a importância de que esses “arranjos administrativos” tenham apoio doméstico, ao reiterar a posição do grupo sobre as recentes propostas do Egito: “O Hamas não permitirá ingerência de qualquer força estrangeira”.

Para o porta-voz, os planos — corroborados recentemente por Estados árabes no Cairo — devem levar a “um processo sério e genuíno de reconstrução para salvar nosso povo em Gaza da catástrofe que lhe foi imposta”.

LEIA: Desistir da resistência armada é inegociável, reafirma Hamas

“O Hamas não será obstáculo a qualquer arranjo alcançado via consenso nacional que possa dar início à reconstrução de Gaza”, ressaltou Qassem, ao notar, porém, a devastação no enclave após 15 meses de ataques de Israel.

Em fevereiro, Qassem reiterou que sua organização demonstrou o que descreveu como “máxima flexibilidade” em formular propostas políticas e executivas sobre Gaza, no contexto do pós-guerra.

Qassem ressaltou abordagens para “formar um governo de união nacional, assim como plena aceitação do plano egípcio referente a um comitê que tenha o apoio de nossa comunidade” para administrar Gaza.

Há semanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insiste na tomada do enclave para fins de investimento e gentrificação, incluindo limpeza étnica dos palestinos, no que caracterizou como futura “Riviera do Oriente Médio”. 

Tel Aviv apoiou a proposta de Washington — crime conforme a lei internacional.

O Hamas — junto de países árabes e a maior parte da comunidade internacional — rejeitou os planos trumpistas para transferência compulsória e perpetuação da ocupação na Palestina.

Há uma semana, foi a vez do chefe da oposição israelense, Yair Lapid, propor ao Egito que tomasse controle de Gaza por 15 anos, em troca de perdões da dívida externa. O Cairo, contudo, rejeitou a ideia, segundo a mídia estatal.

LEIA: A quais interesses servem os planos para a Faixa de Gaza?