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Colonos israelenses invadem prédio da UNRWA em Jerusalém ocupada

4 de fevereiro de 2025, às 12h58

Colonos israelenses vandalizam escritório de campo da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em Jerusalém ocupada, em 30 de janeiro de 2025 [John Wessels/AFP via Getty Images]

Colonos ilegais israelenses invadiram a sede da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) no bairro Sheikh Jarrah, na cidade ocupada de Jerusalém, nesta segunda-feira (3), ao hastear bandeiras israelenses no local e ostentar cartazes racistas.

Na quinta-feira, 30 de janeiro, entrou em vigor um projeto de lei israelense para criminalizar o trabalho da agência nos territórios ocupados, de modo a privar centenas de milhares de pessoas de serviços essenciais, como educação e saúde.

Segundo a nova legislação, atividades da UNRWA em “áreas sob soberania israelense” estão proibidas, incluindo serviços e mesmo a presença de escritórios de representação. Instituições israelenses também cortaram toda a comunicação com a agência.

Para o governo ocupante, a expressão “áreas sob soberania israelense” abrange Jerusalém Oriental, onde está situada a sede provisória da agência, especificamente no bairro de Sheikh Jarrah, alvo frequente de terrorismo colonial e políticas supremacistas do Estado israelense.

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A UNRWA provê serviços a mais de 110 mil refugiados palestinos apenas em Jerusalém, onde administra dois campos de refugiados: Shuafat e Kalandia. A agência também mantém operante a Clínica do Quarteirão Indiano, no acesso a Bab al-Sahira, além de escolas em Jerusalém, Sur Baher e nos dois campos.

O mandato da UNRWA é mantido desde 1949, um ano depois da Nakba, ou “catástrofe”, quando foi criado o Estado israelense mediante limpeza étnica, com a expulsão de 800 mil palestinos nativos de suas terras e destruição de 500 aldeias e cidades.

Desde então, Israel assume leis racistas descritas como apartheid, incluindo políticas para privar os refugiados de serviços básicos e seu direito de retorno.

Em contrapartida, todos os colonos e assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e Jerusalém Oriental são ilegais conforme o direito internacional, como corroborado por decisão de julho de 2024 do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia.

Em setembro, a determinação consultiva da corte evoluiu a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, com maioria absoluta dos votos, ao instar evacuação imediata de colonos e soldados com prazo de um ano.

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