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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

América Grande de Novo às custas da limpeza étnica do povo palestino

Então presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, chega ao Centro de Convenção de Palm Beach, na Flórida, em 6 de novembro de 2024 [Chip Somodevilla/Getty Images]
Então presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, chega ao Centro de Convenção de Palm Beach, na Flórida, em 6 de novembro de 2024 [Chip Somodevilla/Getty Images]

Os apelos de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, para que o rei da Jordânia receba palestinos de Gaza em seu país refletem plena ignorância da natureza da questão palestina e da história política da região. Trump não conseguiria entender que os palestinos que buscaram refúgio na Jordânia, em um primeiro instante, eram cidadãos jordanianos da Cisjordânia ocupada, então integrada à monarquia hachemita pouco antes da ocupação israelense. Quando esta veio à tona, foram então deslocados à força à margem leste do rio Jordão — hoje, a Jordânia.

As declarações de Trump não são, porém, um improviso. Trata-se de parte da estratégia dos Estados Unidos em apoiar a limpeza étnica conduzida por Israel contra o povo palestino, agravada sob a batuta do antecessor de Trump, Joe Biden — uma missão, no entanto, que a ocupação fracassou em cumprir totalmente, por meio de seu poderio militar. A menção de Trump de ter tratado do assunto com o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, ao sugerir que o país norte-africano aceite 1.5 milhões de palestinos — isto é, cerca de 70% da população de Gaza — deixa claro o intento de implementar um plano de ação criminoso, independentemente da posição de seus aliados históricos na região e, sobretudo, da lei internacional. Tudo isso ressalta o fato de que os Estados Unidos não são meramente apoiadores de Israel, mas sim um parceiro ativo e proativo de suas políticas hostis e expansionistas, assim como de seus crimes contra a humanidade.

Ironicamente, Trump emprega como carro-chefe uma política que restringe ou impede a imigração aos Estados Unidos, muito embora seu país tenha sido construído por imigrantes, como é o caso de sua própria família. Enquanto prega pelo direito americano de fazê-lo, busca expulsar à força o povo palestino nativo de suas terras ancestrais, para que imigrantes exclusivamente judeus possam expandir o território de seu Estado fascista e reacionário de apartheid.

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Trump não é, de maneira alguma, uma exceção a essa estratégia desvairada. Desde os primórdios, os Estados Unidos apoiam diplomaticamente o Estado israelense no Conselho de Segurança, ao ameaçar o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, e tentar criminalizar seus membros, enquanto inundam Israel com bilhões e bilhões de dólares em recursos e armamentos — apesar das sucessivas crises no próprio país, como os incêndios na Califórnia, que expuseram a precariedade da infraestrutura americana. Em termos militares, Washington empregou porta-aviões e até mesmo submarinos nucleares na região, ao conceder asmas letais de última geração à ocupação, incluindo bombas inteligentes de mais de 900kg, cujo uso, até então, se concentrava em fortificações militares e não em infraestrutura civil, como ocorreu na Faixa de Gaza. Os Estados Unidos tampouco hesitaram em compartilhar informações de inteligência e diretrizes militares a Israel.

Além disso, Washington exerceu um papel proeminente na manipulação da mídia, ao distorcer fatos e encobrir os crimes israelenses, como os ataques diretos à infraestrutura civil e mesmo a bebês recém-nascidos, ao adotar de bom grado toda a propaganda de guerra da ocupação, seja por seus porta-vozes de Segurança Nacional, pelo Departamento de Estado ou mesmo pelo próprio presidente Biden. Logo após o cessar-fogo entrar em vigor, evidências claras surgiram de que Israel já planejava, desde o primeiro momento, expulsar a população de Gaza ao destruir sistematicamente hospitais, universidades, escolas, mercados, estradas, ruas e redes de água e eletricidade, ao forçar os habitantes a migrar ao sul, enquanto promovia a compra de terras em Gaza como se o território já estivesse vago.

Isso não foi apenas um delírio propagado por sionistas extremistas, mas uma política oficial que recebeu apoio da gestão dos Estados Unidos, incluindo Trump, que considera a causa palestina nada mais do que uma transação imobiliária. O chamado “acordo do século” promovido por Trump nada mais é do que uma realização de sonhos fascistas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao tentar extorquir os Estados árabes a financiar o suposto desenvolvimento dos palestinos em troca de que abandonem suas aspirações nacionais. A ideia foi pesadamente propagandeada pelo ex-embaixador dos Estados Unidos em Israel, David Friedman, e pelo genro de Trump, Jared Kushner, que declarou abertamente — com claro racismo — que os palestinos seriam incapazes de governar a si mesmos.

Tais políticas encorajaram extremistas judeus a intensificar seus ataques à Mesquita de Al-Aqsa e expandir seus assentamentos ilegais, ao atacar a população nativa na Cisjordânia ocupada e incitar reações inevitáveis da resistência palestina. Neste entremeio, países árabes e islâmicos passaram a sofrer imensa pressão dos Estados Unidos para que normalizassem laços com a ocupação israelense, em franco detrimento da Iniciativa de Paz Árabe, ao reiterar um duro sentimento palestino de abandono regional e internacional, sem soluções políticas viáveis.

Todos esses fatores culminaram nos eventos de 7 de outubro de 2023 — uma consequência direta das políticas de Trump. Suas ações — ao contrário do que afirma acreditar — não são capazes de extinguir conflitos, mas sim provocar o caos, a turbulência política e guerras regionais.

Hoje, o deslocamento à força dos palestinos não é mais uma suposta teoria da conspiração, mas sim uma política aberta de Israel e Estados Unidos que descaradamente despreza a lei internacional e todos os princípios de direitos humanos. Tudo isso expôs, como nunca, uma abordagem de dois pesos e duas medidas que incidiu em críticas globais aos Estados Unidos e seus aliados, ao erodir todo o senso de credibilidade de que desfrutavam.

Portanto, enquanto Trump se vangloria de “Tornar a América Grande de Novo”, conforme seu slogan político, suas ações — na prática — contribuem para nada mais que manchar a imagem e reputação de seu país. O povo palestino, que tanto sobreviveu a massacres e décadas de ocupação, todavia, não será dissuadido de seus anseios pelas bravatas de Trump. Sua resistência prevalecerá como uma evidência de que as políticas americanas sobre a causa palestina não apenas feriram os palestinos, mas também foram desastrosas à posição global dos Estados Unidos.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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Palestina: quatro mil anos de história
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