Mulheres palestinas libertadas das cadeias de Israel como parte do acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza confirmaram maus tratos gravíssimos realizados pelas autoridades israelenses durante sua custódia.
Bushra al-Tawil, uma dos 90 palestinos libertados no primeiro instante do acordo, compartilhou detalhes de sua detenção com a agência Anadolu.
Recordou Tawil: “Forças israelenses invadiram a casa da minha amiga, onde eu estava. Destruíram a casa e seus pertences. Então me proibiram de vestir o véu. Fui levada e mantida em custódia por horas sem meu véu. Foi a pior situação que enfrentei na vida”.
Um oficial de inteligência chegou a humilhá-las, recordou Tawil: “Vocês passarão anos tentando consertar a casa e vão se afogar em dívidas pelo resto da vida”.
“Eu respondi ao falar da solidariedade entre os palestinos”, observou Tawil. “Eu disse: Estamos em estado de guerra, todo mundo paga seu preço. Ninguém deve nada a ninguém em nossa comunidade. Meus amigos não pediriam nada de mim”.
Tawil notou que, apesar de não postar nas redes sociais, permaneceu detida sob investigações falsas por quase dez meses. Após o período de inquérito, foi levada a uma prisão israelense sob “detenção administrativa” — sem julgamento ou acusação.
Autoridades israelenses libertaram 90 palestinos, incluindo mulheres e crianças, na primeira fase do acordo. O acordo em três fases inclui troca de prisioneiros e manutenção da calma, rumo à retirada das forças ocupantes de Gaza.
Tensões nos territórios ocupados permanecem altas, após 15 meses de genocídio em Gaza, com 48 mil mortos, 110 mil feridos e dois milhões de desabrigados.
Na Cisjordânia, foram 870 mortos, 6.700 feridos e 11 mil palestinos presos arbitrariamente, sob campanha de massa que constitui crime de punição coletiva. O número de prisioneiros de Gaza é, contudo, incerto.